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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, novembro 22, 2012


PSDB e DEM blindam revista Veja na CPI do Cachoeira

Oposição impede leitura de relatório que pede investigação de Policarpo (diretor de Veja) e Gurgel. Odair Cunha, relator da CPMI do Cachoeira, deve pedir o indiciamento de 46 pessoas

Álvaro Dias, líder do PSDB no Senado, é um dos parlamentares mais ávidos ao defender que não se abra investigação contra a revista Veja por envolvimento com o bicheiro Carlos Cachoeira. Do que ele tem medo? (Foto: Agência Senado)
Parlamentares da oposição, principalmente do PSDB e do DEM, impediram hoje (21) o deputado Odair Cunha (PT-MG) de ler o relatório fina da CPI Mista do Cachoeira. No documento, Cunha pede o indiciamento de 46 pessoas, entre elas o jornalista Policarpo Jr., diretor da sucursal da revista Veja em Brasília, e propõe que o Conselho Federal do Ministério Público inicie investigação contra o Procurador-Geral da República, Roberto Gurgel.
Ambos – Policarpo e Gurgel – têm sido blindados por membros da oposição e também por alguns da base aliada, grupo que recebeu o apelido de “bancada da Veja”.
Para impedir a leitura, os oposicionistas alegaram questões regimentais, entre elas a de que o texto deveria ter sido entregue aos membros da comissão com 24 horas de antecedência. Ao final de intenso bate-boca, o próprio relator sugeriu um acordo para adiar a leitura, que foi remarcada para amanhã (22).
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O deputado deve ler um resumo do documento, que na versão completa contém 4.802 páginas em cinco volumes, sem contar os anexos.
O relatório é dividido em oito partes. Além de Policarpo, outros quatro jornalistas terão o indiciamento pedido, todos acusados de colaborar ou participar ativamente do esquema de arapongagem do contraventor Carlos Cachoeira, em benefício de seus negócios ilícitos.
No caso de Gurgel, ele é acusado de ter paralisado a investigação da Polícia Federal que acabaria levando à descoberta da rede de corrupção.
Odair Cunha também quer indiciar Fernando Cavendish, dono da empreiteira Delta; o ex-senador Demóstenes Torres; o próprio Cachoeira; o governador de Goiás Marconi Perillo (PSDB) e o prefeito de Palmas Raul Filho (PT).
Rede Brasil Atual

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