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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

domingo, novembro 25, 2012

Mano Brawn, dos Racionais MC's discursa contra Alckmin na entrega do Troféu Raça Negra, na Sala São Paulo.


Mano Brown protesta pelas mortes em SP durante Troféu Raça Negra


O líder dos Racionais MC’s Mano Brown quebrou o protocolo na cerimônia de entrega do Troféu Raça Negra ao protestar contra a onda de violência no Estado e, que segundo ele, atinge, especialmente jovens negros da periferia. 


“Eu queria que ele estivesse aqui”, disse Brown, referindo-se ao governador Geraldo Alckmin, ao receber o Troféu juntamente com os dois outros integrantes do grupo - Ice Blue e KL Jay - dividindo o palco com os cantores Carlinhos Brown e Martinho da Vila, que também foram homenageados.

Com a cara fechada de costume e sem nenhuma preocupação em ser simpático aos organizadores do evento que o homenagearam – a Afrobras e a Faculdade Zumbi dos Palmares –, nem aos demais artistas com quem dividiu o palco, Brown considerou absurdas as declarações de Alckmin que, na semana passada ao falar sobre a onda de violência iniciada em outubro – atribuiu a quantidade de mortos ao tamanho da população do Estado.

Ao lembrar que ambos torciam para o mesmo time (Alckmin como Brown torce para o Santos), alguém da platéia interviu com um “troca de time”, ao que o líder dos Racionais respondeu: “É mais fácil trocar de governador”.



O protesto não previsto causou constrangimento aos organizadores, em especial, ao reitor da Zumbi, José Vicente, que pouco antes havia aberto a cerimônia ao lado da secretária Eloísa Arruda, da Justiça, representando o governador, e do presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Murilo Portugal. Vicente, no entanto, não quis fazer comentários.

A edição deste ano, a nona, realizada na última segunda-feira (19) homenageou o líder do Movimento dos Direitos Civis, Martin Luther King, morto há 44 anos, e teve como principal estrela, a filha mais nova do líder, a missionária Bernice King.

Show e cerimônia

Num evento, cuja direção com um roteiro confuso deixou a desejar, a entrega do Troféu – considerado pelos organizadores o “Oscar da comunidade negra” - reuniu artistas, personalidades da música, do teatro, da televisão e do mundo dos esportes e foi aberto pela cantora Margareth Menezes que cantou o Hino Nacional.

Com a ausência da âncora da TV Record, Ana Paula Padrão, que foi anunciada, Joyce Ribeiro e Robson Caetano, e Érico Brás e Patrícia de Jesus, se encarregaram de fazer as vezes de mestres de cerimônias.

Ao longo de quase três horas passaram pelo palco da Sala S. Paulo Luiz Melodia, cantando o clássico Negro Gatoe Jair Rodrigues homenageando Cartola, Vanessa Jackson, interpretando Michael Jackson (os melhores momentos do show), Roberta Miranda e Sandra de Sá. Também foram homenageados Cacau Protássio, a Zezé da novela Avenida Brasil, o garoto Jean Paulo Campos, o Cirilo da novela Carrossel, do SBT, a jornalista Glória Maria, da TV Globo, o gari Sorriso vestindo o uniforme da Prefeitura com que desfile na Marquês de Sabucaí, no Rio, e os medalhistas olímpicos, Fofão, Fabiana e Anderson.

O ministro do STF, Luiz Fux, dedicou o seu Troféu ao colega, Joaquim Barbosa, relator do caso mensalão, que nesta quinta-feira se tornará o primeiro negro a assumir a presidência da mais alta Corte do país. Também foi homenageado com a estatueta, o jornalista Otávio Frias, diretor do Jornal Folha de S. Paulo.

A festa para a entrega do Troféu Raça Negra que acontece anualmente tem patrocínio das principais empresas brasileiras, entre as quais, a Mercedez e a Petrobrás e de Bancos como o Itaú, Bradesco e Santander.

Fonte: Unisinos

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