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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, julho 27, 2013

Snowden pode salvar o petróleo brasileiro


Via PCB
“Seria benéfico para a sociedade brasileira se o Ministério Público requeresse a suspensão do primeiro leilão com contrato de partilha, o do campo de Libra, localizado no Pré-sal, que está marcado para outubro próximo. Enquanto uma averiguação sobre os danos da espionagem não for concluída, o leilão de Libra estaria suspenso.”
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Paulo Metri – conselheiro do Clube de Engenharia
Na política, têm casos que deveriam servir como ensinamento para se evitar cair em erro idêntico no futuro. Snowden comprovou que o governo norte-americano espionava o mundo todo e, em especial, o Brasil.
A convocação do embaixador deste país, que deveria ser um país amigo, pelo congresso brasileiro deve ser feita, assim como o pedido formal de esclarecimentos do nosso governo ao país bisbilhoteiro. Porem, isto não é o mais importante, porque o governo norte-americano irá negar tudo que for possível negar e diminuir a importância do que for impossível.
Verdadeiramente importante é o Brasil fechar sua porta para não ser mais roubado e verificar, dentre as informações já roubadas, quais podem estar causando ou virem a causar prejuízos para a sociedade. A lição precisa ser aprendida. Não se pode mais confiar em equipamento militar guiado por GPS que utiliza satélite estrangeiro. A indústria de defesa não pode se basear em subsidiárias estrangeiras sediadas no país. É preciso recuperar a proteção à empresa nacional genuína, retirada da Constituição durante a revisão neoliberal dos anos1990. A ABIN fica fiscalizando o MST, enquanto deixa soltos os espiões norte-americanos. Graças a Snowden, responda: quem escolheu ser inimigo do Brasil?
Com relação ao petróleo, a questão é muito mais séria, uma vez que o ministro das comunicações, Paulo Bernardo, admitiu em 11 de julho, em depoimento no Senado, que “há a possibilidade de vazamento de informações estratégicas do governo brasileiro, como, por exemplo, dados sobre os leilões de exploração do petróleo do Pré-sal”. Se houve este vazamento de informações sobre o Pré-sal, então, uma ou mais empresas petrolíferas norte-americanas podem ter informações privilegiadas. Nesta situação, o princípio da obrigatoriedade de igualdade de informações possuídas pelas empresas participantes dos leilões não está sendo respeitado.
Seria benéfico para a sociedade brasileira se o Ministério Público requeresse a suspensão do primeiro leilão com contrato de partilha, o do campo de Libra, localizado no Pré-sal, que está marcado para outubro próximo. Enquanto uma averiguação sobre os danos da espionagem não for concluída, o leilão de Libra estaria suspenso.
Se não tivessem desmerecido a premiação “Nobel da Paz”, com premiados que nunca ajudaram a paz no mundo, Snowden poderia ser lançado candidato, atendendo ao desejo de grande parte da população mundial, por ser um dos verdadeiros construtores da paz.
(Publicado no Boletim do MST RIO – N. 51 de 24/07/13)
*GilsonSampaio

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