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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, outubro 01, 2013

O QUE ACONTECE SE O GOVERNO AMERICANO PARAR?

O QUE ACONTECE SE O GOVERNO AMERICANO PARAR?

 no militânciaviva



O governo dos Estados Unidos se prepara para o possível fechamento de grande parte de seu setor público diante da paralisação do Congresso, que não conseguiu chegar a um acordo sobre seu financiamento.




As agências governamentais já começaram a fazer planos de contingência diante da possibilidade de que se chegue ao limite para aprovar uma resolução que permita pagar as contas da nação.




Entenda o que acontecerá se a maior economia do mundo não chegar a um acordo para financiar seu governo.




O que é e como ocorreria uma paralisação?




Tecnicamente, o Congresso deve passar a cada ano um orçamento para financiar o governo durante os próximos 12 meses.




A data em que o prazo vence este ano para aprovar os fundos governamentais é o dia 1º de outubro.




Recentemente, o governo tem sido financiado por orçamentos de curto prazo, conhecidos como "resoluções contínuas".




Se nos próximos dias o Congresso não conseguir chegar a um acordo para aprovar uma nova lei orçamentária, o governo federal não poderá pagar suas contas e se verá subitamente paralisado.




Na última sexta-feira, o Senado aprovou um projeto de lei para outro orçamento temporário, que permitiria evitar a suspensão dos pagamentos até o dia 15 de novembro, mas ele ainda deve ser aprovado pela Câmara dos Representantes (a câmara baixa do Congresso), onde o partido republicano tem maioria.




Na votação do Senado, que é controlado pelo partido Democrata do presidente Obama, já se conseguiu aprovar o orçamento por 54 votos a favor e 44 contra.




Por que não se consegue um acordo para o financiamento?




Em outras ocasiões, as divisões do Congresso aconteciam por causa de assuntos como o tamanho e o alcance do governo federal. Mas a atual estagnação se refere à reforma da saúde aprovada pelo presidente Obama em 2010, grande parte da qual deveria entrar em vigor no dia 1º de outubro.



 


Os congressistas republicanos estão fazendo todo o possível para forçar Obama a atrasar a implementação da reforma e agora tentam impedir seu financiamento.




A legislação pretende reformar completamente a maneira como se administra o sistema de serviços de saúde nos Estados Unidos.




Desde que ela foi aprovada em 2010, os congressistas republicanos votaram 42 vezes para derrubá-la ou privá-la de financiamento.




Quais as consequências de não se aprovar um financiamento?




 As agências governamentais já começaram a selecionar os trabalhadores considerados essenciais, no caso de que seus fundos sejam suspendidos na próxima terça-feira.




Se houvesse uma paralisação das funções do governo no dia 1º de outubro, calcula-se que até 35% dos seus mais de 2,1 milhões de empregados deixariam de trabalhar. E não teriam garantias de retornar a seus empregos quando a paralisação se resolvesse.




Entre os organismos oficiais que fechariam estão os parques nacionais e os museus do Instituto Smithsonian na capital, Washington.




Os cheques de benefícios para veteranos e as aposentadorias se atrasariam e não seria possível apresentar pedidos de vistos e passaportes.





No entanto, continuariam funcionando os programas que se consideram essenciais, como o controle de tráfego aéreo e as inspeções alimentares.




 
O Departamento de Defesa disse a seus empregados que, caso isso aconteça, os militares uniformizados continuarão com um "status de dever normal", mas afirmou que "grandes números" de trabalhadores civis receberam instruções de permanecer em suas casas.




Os funcionários da Casa Branca também seriam afetados.




A última vez em que o governo encerrou suas operações foi na administração do presidente Bill Clinton. A paralisação se estendeu por 28 dias em meados de dezembro de 1995.




Em abril de 2011, o governo Obama esteve a ponto de ficar paralisado.




Tudo se resolverá se o financiamento for aprovado?




Não. Alguns dizem que o prazo de 1º de outubro não é tão grave como outro prazo que vence em meados de outubro, quando o Congresso deve votar para elevar o teto da dívida pública dos EUA;




Se esse aumento não for aprovado, o governo poderia não conseguir pagar seus empréstimos e cumprir compromissos financeiros.




O presidente Obama alertou que não elevar o teto da dívida "seria inclusive mais perigoso" que um fechamento parcial do governo.




Nos Estados Unidos, diferentemente de outros países desenvolvidos, é o poder Legislativo, não o Executivo, que estabelece quanto o governo pode pedir emprestado.




No passado, o teto da dívida foi elevado sem causar divisões. Desde 1960, ele foi elevado 78 vezes.




Mas nos últimos três anos, o assunto foi usado como uma arma de negociação para os legisladores republicanos que tentam retirar as concessões orçamentárias de Obama.




O presidente declarou que o calote da dívida teria "um efeito profundamente desestabilizador" na economia global.




Obama deverá ceder às pressões?




Na sexta-feira, o presidente apressou os legisladores republicanos para que aprovem o orçamento temporário aceito pelo Senado e pediu que eles "não ameaçem incendiar a casa simplesmente porque não conseguem o que querem".




Apesar dos repetidos esforços dos republicanos para derrubar a reforma da saúde, Obama deixou claro diversas vezes que não cederá ao que chamou de "chantagens políticas" da bancada conservadora e que não assinará nenhuma lei que atente contra a legislação da saúde.




Ele descreveu a reforma como "um feito" e afirmou que os esforços republicanos para recusá-la "não terão efeito".



Fonte: BBC Brasil

COMEÇA A PRIMEIRA PARALISAÇÃO DO GOVERNO DOS EUA EM 17 ANOS



O governo dos Estados Unidos começou uma paralisação parcial nesta terça-feira pela primeira vez em 17 anos, colocando até 1 milhão de trabalhadores em licença não remunerada, fechando parques nacionais e atrasando projetos de pesquisa médica.

Agências federais foram direcionadas a reduzir os serviços, depois que os parlamentares não conseguiram romper um impasse político que provocou novas dúvidas sobre a capacidade de um Congresso profundamente dividido executar suas funções mais básicas.

Depois que os republicanos da Câmara apresentaram uma oferta tardia para romper o impasse, o líder da maioria no Senado, o democrata Harry Reid, rejeitou a ideia, dizendo que os democratas não entrariam em negociações oficiais sobre gastos “com uma arma na cabeça” na forma de paralisação do governo.

Nas horas anteriores ao prazo final (meia-noite de Washington), o Senado controlado pelos democratas repetidamente esvaziou as medidas aprovadas pela Câmara que amarravam temporariamente o financiamento para as operações do governo a atrasar ou redimensionar a reforma do setor de saúde conhecida como “Obamacare”.

Pouco depois da meia-noite, o presidente Barack Obama tuitou: “A Lei de Serviços de Saúde Acessíveis (“Obamacare”) segue adiante. Vocês não podem paralisá-la”.

Se a paralisação representa outro obstáculo na estrada para um Congresso cada vez mais assolado por disfunções, ou se é um sinal de uma paralisação mais alarmante no processo político, será determinado pela reação do eleitorado e de Wall Street.

O dólar caiu 0,2 por cento. O preço da nota do Tesouro americano em 10 anos, uma referência estável para os mercados de títulos, caiu 0,3 por cento. O futuro de S&P subiu 0,5 por cento, apontando para uma alta na abertura de Wall Street. Na segunda-feira, o índice S&P 500 fechou com uma baixa de 0,6 por cento, pressionado por fornecedores da área de defesa, já que a paralisação provavelmente vai diminuir seus novos negócios.

A perturbação política no Congresso também levantou novos temores sobre se os parlamentares podem cumprir um prazo vital em meados de outubro para elevar o teto da dívida do governo, de 16,7 trilhões de dólares.

“Pode se seguir um default técnico do Tesouro, provocando queda nos mercados financeiros”, escreveu o analista da ING Tom Levinson.

Depois de perder o prazo para evitar a paralisação, republicanos e democratas na Câmara continuaram um amargo jogo de empurra, cada lado colocando a responsabilidade no outro em esforços de redirecionar uma possível repercussão pública.

Se o Congresso conseguir chegar logo a um acordo sobre uma nova lei de financiamento do governo, a paralisação duraria dias em vez de semanas. Mas não há sinais de uma estratégia para reunir os partidos.

De olho nas eleições do Congresso em 2014, os dois partidos tentaram se livrar da responsabilidade pela paralisação. O presidente Barack Obama acusou os republicanos de estarem endividados demais com os conservadores do Tea Party na Câmara dos Deputados, e disse que a paralisação poderia ameaçar a recuperação econômica.

As apostas políticas são altas principalmente para os republicanos, que vão tentar recuperar o controle do Senado no ano que vem. As pesquisas mostram que é mais provável que eles sejam responsabilizados pela paralisação, como aconteceu na última, em 1996.

“Alguém vai ganhar e alguém vai perder”, disse o pesquisador de opinião pública Peter Brown, da Universidade Quinnipiac. “Obama e os democratas têm uma pequena vantagem”.

POLARIZAÇÃO POLÍTICA

A paralisação, o auge de três anos de polarização política crescente e de governo dividido, foi liderada pelos conservadores do Tea Party, unidos em sua oposição a Obama, seu desgosto pela lei de reforma do sistema de saúde do presidente e suas promessas de campanha de controlar os gastos do governo.

Obama se recusou a negociar as exigências e advertiu que uma paralisação poderia “atirar uma chave inglesa nas engrenagens de nossa economia”.

Alguns escritórios do governo e parques nacionais serão fechados, mas os gastos para as funções essenciais relacionadas à segurança nacional e pública continuarão, incluindo o pagamento para os soldados norte-americanos.

“Não é um choque ter havido uma paralisação, o choque é não ter acontecido antes”, disse o estrategista republicano John Feehery, um ex-assessor do Congresso. “Temos um governo dividido com opiniões tão diametralmente opostas, precisamos de uma crise para obter qualquer tipo de resultado”.

“A chave para isso não é o que acontece em Washington”, disse o estrategista democrata Chris Kofinis. “A chave é o que acontece no mundo real. Quando o público começar a se rebelar e o mercado financeiro começar a se dissolver, aí vamos ver o que esses caras fazem”.

Uma pesquisa Reuters/Ipsos mostrou que um quarto dos norte-americanos culparia os republicanos por uma paralisação, 14 por cento culpariam Obama e 5 por cento iriam culpar os democratas no Congresso, enquanto 44 por cento disseram que todos tinham culpa.

Não está claro quanto tempo a paralisação vai durar, e não há um plano nítido para romper o impasse. O Senado paralisou os trabalhos até as 9h30 (10h30 no horário de Brasília) desta terça-feira, quando os democratas esperam rejeitar oficialmente a última oferta da Câmara dos Deputados para financiar o governo.

A paralisação vai continuar até que o Congresso resolva suas diferenças, o que pode significar dias ou meses. Mas o conflito pode se espalhar para a disputa mais importante sobre aumentar a capacidade de endividamento do governo federal.

Um fracasso em aumentar o teto da dívida de 16,7 trilhões de dólares iria forçar o país a não cumprir com suas obrigações, dando um golpe potencialmente doloroso na economia e enviando ondas de choque aos mercados mundiais.

Alguns analistas dizem que uma breve paralisação do governo –e um resultante revés contra os parlamentares– poderia esfriar as exigências republicanas em um confronto sobre o limite da dívida.



REUTERS

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