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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

domingo, outubro 27, 2013

Cidade do México pode estar a caminho de legalizar a maconha

 

plantações de maconha podem ser encontradas até em subúrbios de classe média. O cultivo é geralmente escondido e a justificativa mais comum é a de que a erva é para consumo próprio. Caso a plantação seja encontrada pela polícia, seu dono pode ser condenado a uma sentença pesada, feita para combater os cartéis bilionários da cidade. Essa situação pode mudar com uma série de leis que políticos da cidade planejam apresentar no final do mês para regularizar o consumo da droga.
Uma lei federal de 2009 já havia descriminalizado a possessão de pequenas quantidades de maconha - o limite imposto é de cinco gramas.
As novas leis procuram fazer com que qualquer quantidade acima de 30 gramas seja tomada de seus detentores e entregue a “comitês de dissuasão”, que aconselhariam pessoas que são pegas várias vezes a receberem tratamento.
Dentro das novas medidas, uma proposta é criar “clubes de cannabis” – nele, os membros cultivariam a erva, e cada um poderia levar consigo um máximo de 30 gramas. A ideia pretende contornar as leis federais contra a venda da maconha, já que os membros estariam cultivando para consumo próprio.
Impactos

Para alguns legisladores, as medidas fariam com que os policiais pudessem focar nos crimes mais sérios, dando mais um passo para acabar com a catastrófica guerra das drogas no país.

Os cartéis mexicanos faturam bilhões de dólares traficando cocaína, heroína, metanfetamina e também maconha para os Estados Unidos – a maconha legal na Cidade do México tem pouco impacto em seus negócios. Apesar disso, os defensores da legalização veem a medida como um passo importante para, lentamente, mudar a política de drogas no México e até mesmo nos Estados Unidos.
Caso a capital mexicana, a maior cidade do continente americano, legalize a maconha, é possível que haja um estímulo maior para medidas similares em outras cidades do país e outras nações da América Central.
Opositores e aliados
Para fazer com que as medidas sejam aprovadas, a Cidade do México pretende tomar vantagem do sistema federalista para fazer uma política independente do resto do país nesse assunto – o que já aconteceu com outras medidas liberais, como a legalização do aborto e o casamento entre pessoas do mesmo sexo.
A legalização da maconha enfrenta oposição da Igreja Católica e de grupos mais conservadores. Do outro lado do debate, atores como Gael García Bernal e personalidades como ex-ministros de saúde e alguns políticos defendem a legalização da droga.
*ColetivoDar

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