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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, junho 02, 2015

Parabéns aos pais bem-resolvidos que desde cedo educam seus filhos contra a hipocrisia.

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Publicado em 01/06/2015 | por Mary
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Saiba como foi a Marcha da Maconha Florianópolis 2015

Em sua oitava edição, a Marcha da Maconha Florianópolis 2015 foi a mais vazia – porém, não menos animada – que já se viu na capital catarinense. Triste dizer isso, considerando-se a população total de mais de 400 mil pessoas, dentre elas milhares de maconheiros facilmente encontrados durante qualquer rolê pelas ruas e praias da cidade.
Mas, dessa vez, mesmo sem chuva e com um lindo entardecer de outono, pouco mais de 300 cabeças compareceram ao evento, que aconteceu na Avenida Beiramar Norte.
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Antes da marcha iniciar seu percurso, Lucas Lichy, presidente do Instituto da Cannabis e organizador do evento, mencionou a importância de se posicionar contra a guerra às drogas – sejam usuários ou não.
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Galera reunida no trapiche da Avenida Beiramar Norte, ponto de partida para a Marcha da Maconha Florianópolis desde 2008, quando ocorreu a primeira edição do evento na cidade.
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Durante a concentração rolou também a manufatura do tradicional “baseadão”.
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Apesar da boa intenção e do empenho da galera, não vamos negar: o “baseadão” estava mais pra “pastelzão”. 😀
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Apesar do belo e agradável fim de tarde de outono, a Marcha da Maconha Florianópolis 2015 reuniu menos pessoas do que as duas edições anteriores, quando choveu. Será que a Ilha da Magia está ficando careta? Ou os maconheiros locais são muito preguiçosos e/ou enrustidos?
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Ainda resta esperança! Enquanto muito adulto covarde prefere se enrustir – e ainda ostenta um certo “orgulho” em dizer que não participa desse tipo de manifestação, mas também não faz nada para ajudar além de fumar prensado escondido – a nova & linda geração fez questão de marcar presença! Parabéns aos pais bem-resolvidos que desde cedo educam seus filhos contra a hipocrisia.
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Praticamente sem polícia na área – exceto por dois simpáticos agentes da Polícia Militar que não criaram nenhum problema – os manifestantes seguiram animados & enfumaçados pelo calçadão da Avenida Beiramar Norte.
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Na metade do caminho, manifestantes deitaram-se no chão e fizeram 1 minuto de silêncio em honra aos mortos na guerra às drogas.
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Um dos momentos mais lindos da Marcha da Maconha de Floripa foi o acender do “baseadão” – ou “pastelzão”. Provando que a união faz a força, vários maconheiros cederam seus isqueiros para ajudar a carburar o beque gigante em frente ao Hotel Majestic, um dos ícones da burguesia local.
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Enquanto a marcha passava, infelizmente alguns maconheiros se contentaram em apenas observar ao invés de se juntarem à massa.
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Ao final, foi impossível evitar o sentimento de frustração expressado por um dos gritos de guerra entoado pelos presentes: “Ah, mas que vergonha/Nem cem pessoas/ Na Marcha da Maconha”. Sim, desta vez os maconheiros de Floripa deixaram a desejar – exceto, é claro, pelo lindo público presente, que hempresentou com faixas, cartazes e muitos baseados acendidos a cada instante.
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Mas a omissão dos covardes e preguiçosos não invalida – e muito menos desanima – a militância canábica catarinense. “O que importa não é apenas a quantidade, mas a qualidade do público presente”, lembrou Lucas Lichy ao final do evento, quando rolou uma roda gigante com muitos baseados vindo de todos os lados.
Lichy aproveitou a ocasião para convidar a todos para a próxima manifestação canábica em Floripa, que deve acontecer em 27/11, no Dia pela Legalização da Maconha no Brasil.
*Fotos: Marcelo Groo (Instituto da Cannabis)

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