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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista
quinta-feira, maio 06, 2010
Arcebispo afirma: ‘A sociedade atual é pedófila’
Arcebispo afirma: ‘A sociedade atual é pedófila’
A fala do arcebispo é uma tentativa grosseira de diluir responsabilidades e continuar a utilizar o preconceito, associando pedofilia a homossexualidade. Insinuar que do mesmo jeito que os gays obtiveram direitos, “daqui a pouco os pedófilos também” configura um insulto e uma amálgama inaceitável. A pedofilia é crime. O homossexualismo, o direito a uma sexualidade de livre escolha. A igreja condena o homossexualismo, defende o celibato dos padres e encoberta os pedófilos nas suas fileiras. LF
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Para dom Dadeus Grings, denúncias de abusos são mais frequentes entre médicos e professores do que entre padres
Demétrio Weber – O GLOBO
BRASÍLIA. No primeiro dia da 48ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), o arcebispo de Porto Alegre, dom Dadeus Grings, instaurou uma grande polêmica ao falar sobre as denúncias de pedofilia contra padres.
Presidente da comissão responsável pelo tema principal da reunião — a missão da Igreja no mundo —, Dom Dadeus disse que “a sociedade é pedófila”. Para ele, o abuso sexual de crianças e adolescentes é mais frequente entre médicos, professores e empresários do que entre sacerdotes.
— A sociedade atual é pedófila, esse é o problema. Então, facilmente as pessoas caem nisso. E o fato de denunciar isso é um bom sinal — disse.
Dom Dadeus, de 73 anos, criticou a liberalização da sexualidade por “gerar desvios de comportamento”, entre os quais a pedofilia. Para ele, assim como homossexuais conquistaram mais espaço e direitos, o mesmo poderá ocorrer com pedófilos.
— Quando a sexualidade é banalizada, é claro que isso vai atingir todos os casos. O homossexualismo é um caso. Antigamente não se falava em homossexual.
E era discriminado.
Quando começa a (dizer) que eles têm direitos, direitos de se manifestar publicamente, daqui a pouco vão achar os direitos dos pedófilos — disse.
O arcebispo foi escalado pela CNBB para conceder a primeira entrevista coletiva da conferência, com outros três bispos.
Dom Dadeus deixou claro que o abuso sexual de crianças e adolescentes é crime e deve ser punido.
Mas admitiu que a Igreja tem dificuldade de cortar a própria carne, ao lidar com denúncias contra religiosos. Segundo ele, punições internas são adotadas, mas denunciar os casos à polícia é mais complicado: — A Igreja ir lá acusar seus próprios filhos seria um pouco estranho.
Dom Dadeus disse que, na Alemanha, apenas 0,2% dos abusos sexuais contra crianças foram praticados por sacerdotes.
Ele crê que os casos de pedofilia viraram um calcanhar de Aquiles e estão servindo para quem quer atacar a Igreja e valores como a castidade: — Há uma anomalia na sociedade humana e que deve ser corrigida. Agora, não é justo dizer que só a Igreja que tem. Não é exclusividade da Igreja. A Igreja é 0,2%.
Conhecido por suas posições conservadoras, o arcebispo afirmou que a homossexualidade é inata apenas em pequena parte dos gays. Na outra parte, segundo ele, a opção sexual é resultado da educação recebida: — Nós sabemos que o adolescente é espontaneamente homossexual.
Menino brinca com menino, menina brinca com menina.
Só depois, se não houve uma boa orientação, isso se fixa.
Então, a questão é: como vamos educar nossas crianças para o uso da sexualidade que seja humano e condizente? Indagado sobre a afirmação de dom Dadeus de que a sociedade é pedófila, o arcebispo do Rio, dom Orani Tempesta, portavoz da 48aAssembleia, reagiu: — É uma afirmação complicada, tem que ter dados para verificar isso.
Para dom Orani e o bispo de Araçuaí (MG), dom Severino Clasen, os abusos envolvendo padres são parte de problema que atinge diversos segmentos.
— Isso nos frustra e machuca muito — afirmou dom Severino.
— O que nos envergonha é também o que nos leva a ter esperança de novos tempos.
Em carta enviada à CNBB, o presidente Lula pediu orações aos bispos para que o brasileiro tenha “a luz e a sabedoria” para escolher seu sucessor. Lula mencionou o seu alto índice de popularidade e disse que reflete o fato de que o povo cada vez mais participa de um “banquete antes restrito a minorias”. Lula citou a “grave crise política e ética” em Brasília, referindo-se ao escândalo do mensalão do DEM.
Postado por Luis Favre
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