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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, maio 12, 2010

Do folhetim tucano matinal




GLOBO QUER CUMPRIR A CONSTITUIÇÃO
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O folhetim tucano matinal chamado Bom Dia Brasil nos trouxe uma notícia curiosa. Os veículos de comunicação estão de olho no cumprimento da Carta Constitucional, que diz que as empresas de TV e rádio, por exemplo, só podem ter até 30% de seu capital vindo de fora.

No início, quando era proibido capital externo, fizeram um auê pra "flexibilizar" a lei. Queriam justificar certas coisas, como o fato de a própria Globo ter nascido com capital internacional, da então Time Life. Assim, convenientemente, a legistalação foi adulterada.

Mas os tempos eram outros. A TV ainda tinha audiência e gozava de alguma credibilidade. Não era o arremedo ridículo em que se transformou atualmente. E especialmente, não havia internet a lhes roubar o público.

Agora, receosos de afundar de uma vez por todas, vem dizer que a Constituição precisa ser cumprida, pra garantir os tais 30%. E falam isso sob um viés inacreditavelmente canhesco de nacionalismo. "A agenda política não pode ser definida por empresas estrangeiras".

Dizem que sua paúra tem motivo. Tem empresa por aí, de inetnet, de capital 100% estrangeiro. Agora a Globo virou nacionalista. Os amigos do rei vão vestir verde e amarelo e fazer uma caminhada ao longo da orla carioca para protestar contra o absurdo que se vê.

O pano de fundo é exatamente esse que você está pensando. Como controlar as notícias que são dadas dentro do Brasil se as empresas daqui não mandam em nada? Pior, é capaz de algum desses sites estrangeiros ainda gostar do Lula ou da Dilma e deles começar a falar bem.

Aí a porca torce o rabo.

Realmente engraçado. Por que não falaram isso mais cedo?

Se gostam tanto das coisas brasileiras, será que os senhores do engenho gostariam de voltar para antes da alteração da Constituição e proibir completamente o capital externo nas empresas de mídia brasileira?

Difícil crer.

dos anais politicos

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