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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, maio 12, 2010

O sexo é animal




A crise de repressão na Igreja e a direitização na CNBB


Brotam as repressões e as contradições de classe no seio do catolicismo romano

Na estatuária (foto), na pintura, nos cromos conhecidos como "santinhos", a pedofilia - uma das filhas deformadas da repressão sexual - sempre esteve latente na Igreja católica, algo que era apenas sugerido, mas que jamais fora verbalizado ou admitido objetiva e conscientemente.

Nenhuma instituição corporativa fechada, fundada em interditos, com um projeto moral dogmático - como a Igreja inventada por Paulo de Tarso - pode reprimir todos os seus sectários por todo o tempo. Logo a Igreja, que se louva de ter todas as grandes questões da humanidade respondidas, as que não consegue alcançar, capitula-os no arquivo dos mistérios sagrados - truque fácil para se prevenir do racionalismo.

Um dia a casa cai.

Hoje, o fluxo incontrolável da informação no mundo expõe o que sempre esteve oculto. Estamos assistindo a uma crise da repressão religiosa. O dogma da repressão ao exercício da sexualidade está sendo questionado, não por uma sexualidade livre e saudável, mas pelo seu viés patológico e criminoso, envolvendo crianças e pré-adolescentes. Setores progressistas da Igreja querem lancetar esse tumor, outros, os conservadores, os de sempre, os hegemônicos, insistem em manter tudo como está por debaixo de batinas e hábitos onde a carne tremula de desejo.

A propósito, observem que a 48ª Assembleia Geral da CNBB, ora acontecendo em Brasília, está evidenciando o recrudescimento da direita e a crescente polarização ideológica entre os bispos brasileiros.

Vamos prestar mais atenção nisto.
do Diario Gauche

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