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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista
terça-feira, maio 11, 2010
Grécia pede conselhos ao ministro Guido Mantega
Enquanto alguns jornalistas e ex-ministros de FHC pregam que o Brasil se encaminha para se tornar uma nova Grécia, o ministro das Finanças grego George Papaconstantinou, integrante do governo que herdou a crise que afeta o país europeu, pediu conselhos ao ministro Guido Mantega.
Está na coluna Mercado Aberto, da Folha de S.Paulo, assinada por Maria Cristina Frias, que o ministro grego quis saber o que o governo Lula fez para melhorar a relação dívida/PIB e ainda com grandes reservas. Anexo a notícia em um blog (notas Conselheiro 1 e Conselheiro 2) já que na Folha só está disponível para assinantes.
Não é só para a Grécia que o Brasil pode dar lições apesar da tentativa de gente subalterna de sempre minimizar o país nesse governo. Em conversa com o Financial Times, o economista Nouriel Roubini, que previu a gigantesca crise de dois anos atrás, afirmou que agora é a hora dos pupilos oferecerem algumas dicas ao professor que vivia lhes passando “dever de casa” . Estudioso dos países emergentes, Roubini acha que estes têm muito a ensinar à Europa e aos Estados Unidos.
O Financial Times diz que os governos ocidentais se endividaram tanto que seus fundamentos fiscais são piores dos que as nações emergentes. “A relação dívida-PIB de países como Brasil (57%, o que não bate com os números que apurei, em torno de 40%), Rússia (6%), Índia (85%) e China (22%) é inferior a de Japão, Grécia e Itália, acima de 100%, e mesmo dos EUA e do Reino Unido que poderão chegar a 100% logo”, diz o principal jornal de economia do mundo.
Acabamos de atravessar com poucos danos as conseqüências da maior crise econômica do mundo desde 1929 e já tem gente torcendo para que o país volte a ser abalado. Mas os urubulinos, mal acostumados com o período FHC, acham que estamos de volta ao tempo em que o Brasil se arrasava com crises até na Tailândia.
Brizola Neto
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