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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, maio 20, 2010

Navalha E o Serra é contra o Mercosul.






Mal sabe o Serra que o Mercosul já tomou o navio para a China


Amanhã, em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, se realizará um seminário promovido pela Federação das Indústrias de Mato Grosso do Sul sobre a integração do Codesul com o Zico Sur, para ligar o Atlântico ao Pacífico.

O Codesul reúne o Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso do Sul.

O Zico Sur reúne o norte da Argentina, o sul do Chile, a Bolívia, o Paraguai e Mato Grosso do Sul.

Faltam 80 km de rodovia e 200 km de ferrovia para realizar a ligação por terra entre Campo Grande, Corumbá, a Oruru (Bolívia) e o porto de Arica no Norte do Chile.

Ou seja, a ligação de Santos ao Pacífico, com escala obrigatória em Mato Grosso do Sul.

Boa parte dos custos da construção ficará por conta do BNDES.

Este seminário de amanhã se realiza com financiamento parcial da União Européia.

Quer dizer, os europeus já sabem onde está o pote de ouro, no fim do arco-íris.

Os empresários dessas regiões tentam sair na frente, para obrigar os governos, desde já, a realizar a integração aduaneira, sanitária e tributária, que o fluxo comercial do Atlântico ao Pacífico e do Pacífico ao Atlântico vai exigir.

Mais para cima, no Acre, como se sabe, e também com dinheiro, em parte, do BNDES, se realiza a integração do sul do Amazonas com o Acre, em Assis Brasil.

E de Assis Brasil formar a zona econômica Brasil-Peru, até chegar ao porto de Maldonado.

Quer dizer, o Centro-Oeste brasileiro vai ter dois acessos à China, através do Peru e do Chile.

Em Arica, no Chile, o porto é privado, e os dirigentes da Federação das Indústrias de Mato Grosso do Sul acreditam que isso deve facilitar a institucionalização do comércio entre o Codesul e o Zico Sur.

Paulo Henrique Amorim

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