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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista
terça-feira, maio 18, 2010
“O governo Lula tem as portas abertas para os movimentos sociais"
Zé Celso vota na Dilma trabalhista
segunda-feira, 17 maio, 2010 às 18:20
Acabo de receber de uma amiga uma saborosa entrevista de José Celso Martinez Corrêa ao Terra Magazine. Uma das figuras mais polêmicas da cena cultural brasileira, ele diz que vai votar na Dilma por sua origem trabalhista, e tacha o Serra de antipopular e centralizador.
Martinez vislumbra em Dilma possibilidades de vôos ainda maiores, lembrando meu avô. “Acho que Dilma poderia ir muito mais longe. Ela era do PDT, tem essa origem trabalhista, precisa resgatar esse lado. E eu adorava o Brizola!… Gostaria de ter esse encontro (com Dilma).
O fundador do Teatro Oficina é um entusiasta do governo Lula, e defendia até um plebiscito pelo terceiro mandato. “O governo Lula tem as portas abertas para os movimentos sociais. Tenho a impressão de que o Serra não. O pessoal do PSDB tem uma mentalidade antipopular, da tecnocracia”, avaliou
Brizola Neto
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