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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, maio 14, 2010

Rússia e Brasil querem aumentar uso de moedas locais

exta, 14 de maio de 2010, 8h16

Fonte: Reuters News

Economia Internacional
Comércio: Rússia e Brasil querem aumentar uso de moedas locais

O presidente russo, Dmitry Medvedev, disse nesta sexta-feira ter concordado com o Brasil em buscar formas de aumentar o uso de suas moedas no comércio bilateral.

"Estamos todos observando como a União Europeia está tentando resolver seus diferentes problemas, incluindo o problema com o euro", disse Medvedev em uma entrevista com o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva.

"Concordamos com o presidente (Lula) em criar um grupo de trabalho que irá olhar... decisões em moedas nacionais. Isso é extremamente importante para o desenvolvimento estável dos países e para um sistema financeiro internacional mais equilibrado."

"Nem o dólar nem o euro nem nenhuma outra podem se dizer uma moeda mundial que protege todos os países. Existem problemas com todas as moedas. Então, quanto mais ativos formos em usar as moedas nacionais, mais estável será o comércio bilateral e melhor será para as instituições financeiras internacionais", acrescentou ele.

Nesta manhã, o euro atingiu a mínima em 18 meses ante o dólar, dando continuidade a um movimento de desvalorização resultante da crise de dívida da Grécia. Recentemente, o papel do dólar como moeda global foi questionado, após a divisa americana sofrer com a crise financeira global.

"Não existe nenhuma explicação de por que estamos tratando de comércio abdicando... e utilizando uma terceira moeda quando poderíamos fortalecer a nossa moeda", disse Lula.

Brasil e Argentina já negociam em moeda local e o governo brasileiro busca acordos com os demais integrantes do Mercosul para também realizar as trocas comerciais com suas próprias moedas.

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