De Sanctis lança “Xeque Mate”
e gostaria de ir para o Supremo
O juiz federal Fausto Martin De Sanctis da 6ª Vara Federal de São Paulo lançou esta semana o seu primeiro romance: “Xeque Mate”. Dr. De Sanctis, por que esse título?
Leia trechos da entrevista que deu, por telefone, a Paulo Henrique Amorim.
- De Sanctis – Em primeiro lugar, por si só, o jogo de xadrez é estimulante sob o seguinte ponto de vista. Um ou dois peões podem colocar o rei em má situação. Então, o título faz alusão às muitas pessoas que são colocadas na vida, e isso pode ser transferido para o Judiciário. O juiz constantemente se encontra nessas situações. Eu achei que o título poderia resumir bem essa ideia subliminar
- O repórter Mário Cesar Carvalho, da Folha de São Paulo, argumentou que o personagem principal é um juiz que se chama Fernando Montoya De Sorrento. Ele tem exatamente as mesmas iniciais, FMDS, de Fausto Martin De Sanctis: é uma autobiografia esse romance?
- De Sanctis – Não é uma autobiografia. Essa forma de conceber o nome do personagem foi proposital para que as pessoas pudessem no seu imaginário talvez chegar à conclusão de que algo de realidade exista nesse livro. Mas, é um livro de ficção baseado na minha vivência, vivência de vida,de fatos, de justiça, e eu me inspirei muito nisso. É meio Dom Quixote de La Mancha, porque busca a realidade dentro da irrealidade.
- O “Xeque Mate” tem como enredo principal a história de um juiz que comete um erro gravíssimo e condena um inocente porque ele se encantou sexualmente por uma advogada envolvida no crime. Eu pergunto: na sua história de juiz, o sr. já cometeu algum erro gravíssimo, algum erro brutal de que se arrependesse?
- De Sanctis – De forma alguma. Eu cometi um erro. Aliás, gostei da pergunta. Algumas pessoas que leram o livro antes de eu lançar, falaram: “ah, quando você lançar vai ser um problema pra você, vão achar que você errou”, e eu dizia que isso faz parte do meu trabalho, mostrar que mesmo os honestos são passíveis de erro. Mostrar esse lado humano do Judiciário eu acho importante. Eu estou vivenciando isso, as pessoas me colocam num pedestal como se eu estivesse acima do bem e do mal, como se eu fosse uma entidade e não um ser humano passível de erros. Eu sou um ser humano. Mas, realmente, é uma história nessa parte absolutamente de ficção, de criação.
- Qual é o romancista que exerce mais influência sobre o Sr.?
- D Sanctis – Eu gosto muito de Machado de Assis. “Memórias Póstumas” eu acho fantástico. Esse ano eu li “Crime e Castigo”, li também “O Processo” do Kafka, achei interessantíssima essa discussão sobre a Moral, o certo e o errado. No “Processo” há condenação e ninguém sabe o por quê. Mas se sabe que se trata de um bom caráter que está sendo condenado à morte. Eu achei muito interessante essa discussão. Eu queria trazer algo inédito para o Brasil e eu acho que consegui. Essa discussão judicial que não existe aqui.
- Como Juiz, qual é a sua próxima atividade. O Sr. foi promovido, e o Sr. foi promovido a quê, para fazer o quê?
- De Sanctis – Eu me inscrevi para o Tribunal Regional Federal da 3ª Região, e o Tribunal precisa se reunir ainda para decidir sobre isso. E fui indicado pelos colegas federais como um dos seis juízes possíveis de integrar a vaga do Eros Grau no Supremo Tribunal Federal. Obviamente que eu gostaria de integrar ambas as cortes, mas o que está mais em evidência é a vaga do TRF, porque por antiguidade é a mais provável que vá acontecer.
- O Sr. sonha mais com o Supremo ou com a Academia Brasileira de Letras?
- De Sanctis – Bom, eu acho que a Literatura para mim ainda está no início, eu não posso ter sonhos. Seria uma pretensão muito grande falar em ABL, mas, como juiz, obviamente que eu gostaria estar no topo da carreira, como qualquer juiz.
Confira a integra da entrevista:
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