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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, agosto 06, 2010

Israel tentou invadir o Líbano mais uma vez. Agora por causa de uma árvore.






O cipreste

Israel tentou invadir o Líbano mais uma vez. Agora por causa de uma árvore.

Acostumados a destruir oliveiras, já contabilizaram mais de 500 mil na Palestina, imaginaram que não haveria problema nenhum em destruir mais uma arvore.

(Um parêntese. Onde estão as ONGs que se locupletam em nome da natureza? Por que não protestam contra a destruição das oliveiras palestinas?)


O que eles não imaginavam foi o protesto dos libaneses que, indignados, reagiram.

Pelo caminho ficou a lamentável estatística de cinco mortos, quatro libaneses e um coronel israelense.

Tudo por causa não de uma oliveira, mas um cipreste, primo pobre dos milenares cedros do pais.

Alegação israelense: o cipreste atrapalhava a visão deles.

Atrapalhava a vigilância deles, já que o cipreste sobrevivia na fronteira entre os dois países.

Do lado libanês, diga-se.

O que os libaneses não entenderam: se o cipreste atrapalhava a visão dos israelenses, também atrapalhava a visão dos libaneses.

Mas eles nunca se incomodaram com isso. Por que os israelenses se incomodavam?

Ou tudo não passava de pretexto?

Mais um daqueles pretextos fantasiosos que eles sempre utilizam para invadir e agredir.

Como lhes ensinaram seus senhores estadunidenses.

O cipreste foi derrubado ao preço de cinco mortos e os nervos à flor da pele.

De uns e outros.

No momento, as armas de ambos os lados continuam engatilhadas.

Vamos aguardar o próximo capítulo dessa novela interminável, de briga entre dois irmãos, filhos do patriarca Abraão.

Os árabes, descendentes do primogênito Ismael, filho da egípcia Hagar.

Os israelenses, descendentes de Isaac, filho da iraquiana Sara.

Tudo de acordo com a bíblia.

Livro de mitologia (velho testamento) rico em crimes, estupros, incestos, massacres e afins.

Nada a ver com deus.

Humano, apenas humano.

Lamentável!

Sonhando com a paz


dogilsonsampaio

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