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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, agosto 04, 2010

Queremos Banda Larga ao preço que se paga na europa






Telefonica, na Espanha, vende Jaguar a preço de Gol

Recebi de um colaborador (como sempre, obrigado, Noir) notícia publicada ontem no jornal Expansión, de Madri, de que a Movistar, marca da Telefonica, lançou uma promoção oferecendo um serviço de banda larga de 10 megas por 9,90 euros mensais, o que equivale a R$ 23,76, o que no Brasil não pagaria nem um serviço acima de 512 kbps.

A oferta da Movistar só dura três meses, mas depois desse prazo o preço dos mesmos 10 megas será de 19,90 euros (R$47,76). Engraçado é que o Euro é uma moeda mais forte que o Real e o preço do serviço de banda larga por lá é bem mais barato que aqui. A mesma Telefonica, através de sua marca Speedy, oferece em São Paulo um plano de 8 megas por R$ 199,90. Depois os tucanos vêm dizer que o problema da banda larga no Brasil é a baixa renda da população.

Uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor, feita mês passado, constatou que a banda larga no Brasil é cara, lenta e restrita. Para ter internet rápida em casa, o brasileiro paga em média US$ 28 por mês, valor que chega a 4,58% da renda per capita no país. Nos EUA, o valor é de apenas 0,5% da renda per capita, e na França, de 1,02%.

Em abril, o Ipea divulgou um estudo, que comentamos aqui, mostrando que o Brasil tem a quinta banda larga mais cara numa lista de 15 países. Custa cinco vezes mais que na França e dez vezes mais que nos EUA. E estamos falando só de preço, porque se formos entrar na qualidade do serviço não vai ser possível comparar com nenhum país da Europa ou da América do Norte.

Segundo levantamento recente realizado pela empresa americana Akamai, a velocidade de tráfego da internet brasileira é uma das mais lentas do mundo, pouco acima de um megabit por segundo (Mbps), 93% menor que a velocidade média da Coréia do Sul, líder do ranking. Além disso, 20% das conexões no Brasil têm velocidade inferior a 256 quilobits por segundo (Kbps), o que passa longe da velocidade mínima estabelecida pela União Internacional de Telecomunicações, entre 1,5 Mbps e 2 Mbps.

E o presidente do sindicato das teles ainda tem a caradura de declarar publicamente que os usuários brasileiros”querem ter um Jaguar pelo preço de um Gol”. O que nós queremos é uma internet decente, com conexão rápida e que não caia toda hora por um preço justo, que parece ser o que estas mesmas empresas praticam lá fora, mas não querem reproduzir aqui.

dotijolaço

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