Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Há zilhões de coisas pra ver, de R. Crumb, na Internet. Numa busca de um minuto, separei o que aqui vai:
“A short history of America”, Robert Crumb,
“Stoned again. Lost Souls”, Robert Crumb,
“O Laerte Braga pensando o mundo a partir dos jornais”,
“A Folha de S.Paulo, com editores brasileiros, na FLIP, tentando pregar Crumb na parede (Crumb sempre escapa)” em
“I’m the devil”, em (especialmente dedicado ao pessoal ‘verde’ e metido a pacifista-de-livro, natureba eco-‘ético’ pró-ficha-limpa): "Mr. Natural"
Em :pode-se assistir a um filminho (falado em inglês, mas não faz falta: vê-se tuuuuuuuuuuuuudo) dos anos 60s, da vida de R.Crumb por R.Crumb. Vejam-lá.
E continua em . Não sei se haverá nas nossas listas muita gente que também tenha feito aquela viagem. Vocês são muito velhos.
- O afamado quadrinhista Robert Crumb afirmou hoje que sente vergonha de ser estadunidense, ao assegurar que seu país se tornou um estado corporativo fascista, "o pior do mundo".
Crumb, considerado o pai dos comics underground e um dos símbolos da contracultura das décadas de 1960 e 1970 do século passado, participa na oitava Festa Literária Internacional de Paraty (FLIP) -pequena cidade a uns 230 quilômetros do RIo de Janeiro, junto a mais de trinta escritores de 14 países.
Ao participar numa das oficinas da FLIP, Crumb asseverou que se Estados Unidos fosse uma de suas personagens, a ilustração não teria um aspecto muito agradável, segundo uma reportagem da estatal Agência Brasil.
"Teria uma cara feia, porque Estados Unidos tornou-se um estado corporativo fascista, o pior do mundo. Obama tem boas intenções, mas não acho que possa fazer muito para mudar as coisas por lá, devido a que os poderes e as potências que vêm governando aquele país desde faz tantos anos já são parte daquilo", sublinhou o afamado autor de histórias em quadrinhos.
Crumb, que vive em França com sua família faz quase vinte anos, qualificou como museu a exposição de suas ilustrações e indicou que "participar desta festa também é estranho. Ainda me vejo como um cartunista, que é sempre omitido pelo mundo literário, uma pessoa que não deve ser levada a sério".
Perguntei a um escritor brasileiro por que eles queriam minha presença aqui e me disse que era uma questão de negócio, já que as editoras estão vendo as histórias em quadrinhos como algo sério e viável, referiu Crumb, e acrescentou que apesar disso é difícil encontrar editoras que apostem nos quadrinhos.
Mesmo reconhecendo que atualmente exista um escopo comercial muito forte, Crumb -que levou às histórias em quadrinhos obras de Franz Kafka, Charles Bukowski e Philip K. Dick- estimou que algumas indústrias pequenas abrem espaço para os trabalhos independentes e originais.
Interrogado sobre a reprodução digital das histórias em quadrinhos, Crumb foi enfático: "sou um artista do século 20, uso caneta e gosto de papel. Não tenho nenhum interesse na tecnologia moderna".
A oitava FLIP, que homenageia o escritor Gilberto Freyre, concluirá no próximo domingo e além de Crumb destacam entre os convidados desta edição a chilena Isabel Allende, autora da reconhecida Casa dos espíritos, e seu esposo, o advogado estadunidense William Gordon, com The ugly awarf, sua última obra.
Não menos importante é a presença de Salman Rushdie, que apresentará seu livro Luka e o Fogo da Vida, inspirado no mundo dos videojogos.
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