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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, dezembro 09, 2010

* Enviar para amigos * Comentar Notícias » Brasil » Brasil Lula presta solidariedade a fundador do 'Wikileaks' preso

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Lula defende dono do WikiLeaks durante discurso do PAC


Luciana Cobucci
Direto de Brasília
Em discurso no evento de balanço de quatro anos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva expressou solidariedade ao fundador do site WikiLeaks, o australiano Julian Assange. Lula se disse espantado por "não haver nenhuma manifestação" contra a prisão do australiano, acusado de agressão sexual a duas mulheres, e contra as retaliações que tem sofrido após a divulgação de documentos secretos de diplomatas americanos.
"Em vez de culpar quem divulgou, deve se culpar quem escreveu. Então eu presto minha solidariedade ao fundador do WikiLeaks", afirmou Lula, que ainda criticou a imprensa por não defender o direito de livre expressão de Assange. "O rapaz do Wikileaks foi preso e eu não estou vendo nenhum protesto contra a ameaça à liberdade de expressão", disse.
Lula é o primeiro líder internacional a se manifestar de forma veemente contra a prisão de Assange. O presidente deu a entender que, apesar de Assange ser acusado de estupro na Suécia, sua prisão está relacionada à divulgação de dados sigilosos dos Estados Unidos. "Aí aparece o tal de WikiLeaks, desnuda a diplomacia que parecia inatingível, a mais certa do mundo, e começa uma busca. Eu não sei se não colocaram cartazes como no faroeste, de 'Procura-se, vivo ou morto', mas prenderam o rapaz", afirmou.
Imprensa
Durante o evento, Lula comentou a relação da imprensa com seu governo ao longo dos oito anos de seus mandatos. "Nós resolvemos fazer uma coletiva a cada quatro meses (para divulgar os resultados do PAC). O governo (...) se desnudava diante da imprensa. Nunca houve censura, nunca houve pergunta proibida e nunca houve pergunta sem resposta. E, muitas vezes, as manchetes colocavam em dúvida o sucesso do PAC", disse.
"Eu tomei a decisão de não colocar prazo (para a conclusão das obras), porque se a gente erra por um dia, qual é a manchete? 'Lula fracassa'. 'Prometeu em um ano e entregou em um ano e um dia'", ironizou.
O presidente ainda fez um pedido para que os jornalistas viajassem pelo Brasil para ver o impacto de suas obras na qualidade de vida da população. "Eu queria que, quando eu deixasse a Presidência, a imprensa fizesse uma viagem que não fez durante o meu mandato. Que vocês fossem ao canal de São Francisco, que não fossem com olhar de jornalista, mas com olhar de brasileiro, para vocês perceberem o que significa aquela obra", sugeriu.
WikiLeaks
Assange, cujo site WikiLeaks está no centro de uma controvérsia mundial após ter divulgado documentos diplomáticos secretos dos Estados Unidos, se apresentou na última terça-feira ao tribunal de Londres, no Reino Unido, onde se entregou às autoridades em cumprimento de uma ordem de prisão sueca por suposto estupro.
Segundo o jornal americano The New York Times, as acusações a Assange são baseadas em encontros sexuais com duas mulheres. As relações, que começaram consentidas pelas envolvidas, acabaram não consentidas quando Assenge não quis mais usar camisinha. A Suécia expediu o primeiro mandado de prisão para Assange em 18 de novembro, mas a ação foi invalidada por um erro processual. Um novo mandado foi emitido em 2 de dezembro.
O crime de que ele está sendo acusado é o menos grave de três categorias de estupro. A pena máxima prevista é de quatro anos na prisão. O WikiLeaks, que despertou a fúria de Washington com suas publicações, prometeu continuar com a divulgação dos 250 mil documentos secretos obtidos.
*terra

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