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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, dezembro 15, 2010

Foz do Iguaçu terá Memorial em homenagem as vítimas das ditaduras


A pedra fundamental será inaugurada amanhã (16), às 13 horas na Praça Naipi; monumento visa recuperar um pouco da história dos latino americanos que deram suas vidas na luta pela democracia em seus países
Foz do Iguaçu entra no circuito dos eventos que homenageiam os militantes da resistência democrática assassinados pelas ditaduras instaladas no Cone Sul durante a segunda metade do século XX. O tributo que Foz do Iguaçu irá render aos milhares de resistentes caídos será constituído por um Memorial que será construído no centro da futura rotatória projetada para a confluência das avenidas República Argentina e Paraná.
No próximo dia 16, às 13 horas, na Praça Naipi, será lançada a pedra fundamental do Memorial, com a presença do ministro Paulo Vannuchi, da Secretaria Especial de Direitos Humano, juntamente com ministros deste setor dos países do Mercosul que participarão da Reunião de Altas Autoridades de Direitos Humanos – RAADH do Mercosul.
O lançamento da pedra fundamental do futuro Memorial faz parte do Projeto de Promoção de Direito à Memória e à Verdade, da Secretaria Especial de Direitos Humanos. O objetivo deste monumento é recuperar um pouco da história dos latino americanos que deram suas vidas na luta pela democracia em seus países. O projeto Direito à Memória e à Verdade criou em várias cidades brasileiras os memoriais “Pessoas Imprescindíveis”. Os painéis e esculturas buscam unir forma e conteúdo para dar aos visitantes uma visão – mesmo que sintética – do que foram os “Anos de Chumbo” no país.
No Brasil são cerca de 400 mortos pela repressão violenta a todos que lutaram pelo restabelecimento do Estado de Direito. Durante os anos de tirania Foz do Iguaçu foi cenário de prisões, torturas e mortes. Apesar do incessante trabalho de pesquisa e busca dos representantes dos direitos humanos uma cortina de mistério encobre os acontecimentos dos anos de chumbo nas fronteiras do Brasil com Argentina e Paraguai.
Na solenidade de lançamento da pedra fundamental do Memorial serão lembradas os resitentente assasssinados em Foz do Iguaçu e região: o fundador da Vanguarda Popular Revolucionária, Onofre Pinto, os metalúrgicos Daniel e Joel de Carvalho, o escultor Victor Ramos, o sapateiro José Lavéchia, os estudantes argentinos Ernesto Rúggia, Lilian Goldemberg e Eduardo Gonzalo Escobar.
*comtextolivre

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