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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, dezembro 07, 2010

Só para Lembrar

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Só para lembrar

Em Rebelion, Alberto Montero Soler avança com algumas perguntas.
Boas perguntas.

Tem algum sentido o facto do Banco Central Europeu continuar a emprestar dinheiro aos bancos com um interesse de 1, 75%, enquanto o rendimento que os mesmos bancos recebem da especulação com a dívida pública espanhola de 10 anos, por exemplo, já ultrapassa 5%?

E os interesses que os Irlandeses irão pagar, que ultrapassam 6%?

Quem, senão os bancos e os seus fundos de investimento e de pensões são os principais beneficiários da política do Banco Central Europeu?

Até quando Trichet (presidente do BCE) vai continuar a exigir reformas em outras áreas além da monetária, sem tratar dos problemas que derivam deste último sector?

Boas perguntas, tal como afirmado.

Parece quase, e digo "parece", que os Bancos afinal são uma espécie protegida.

Protegida por quem? Talvez pelo Banco Central Europeu.

De facto, continuamos com um equivoco de fundo. Vivemos numa União Europeia, com uma economia gerida pelo Banco Central Europeu. E como todos estes Europeus acaba com o ser normal pensar que União e BCE sejam a mesma coisa. Que uma entidade administre outra, e vice-versa, que operem com as mesmas bases.

Mas é bom lembrar que assim não é.
De vez em quando é bom realçar que União Europeia e Banco Central Europeu são duas entidades separadas e distintas.
E não faz mal sublinhar que enquanto a UE é um organismo eleito (em mínima parte) pelos cidadãos da União, o Banco Central é eleito...pois, quem elege os representantes do BCE?

Mais: quem manda no BCE?
A União Europeia? Imaginem...

Para os mais esquecidos: o Banco Central Europeu é formado pelos representantes dos bancos nacionais dos vários Estados Membros da UE.
Mas os bancos nacionais dos vários Estados Membros da UE (com algumas, bem poucas, excepção) são empresas de "capital aberto", cujas acções estão nas mãos dos bancos privados.

Os mesmos bancos privados que ficam beneficiados com a politica monetária do BCE.

E o círculo se fecha.

Por isso, a última pergunta de Soler torna-se retórica: "qual o peso específico dos cidadãos em tudo isso?"

Pois...


Ipse dixit.
*InfIncor

Mapa: a Zona Euro (Dezembro de 2010)

Eis um mapa que resume a situação actual da Zona Euro, em Dezembro de 2010.

Confuso?
Eh, de facto...

Uma boa revisão para os leitores europeus, em ponto da situação para os outros.



(nota: ao clicar na imagem é possível aumentar o tamanho da mesma)

Podem sempre imprimir  imagem e guardar para o posteridade:

- Ó avô, mas é verdade que existia uma coisa tão absurda como a Zona Euro?
- Sim, olha o mapa que guardei...

Ipse dixit.

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