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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, agosto 04, 2011

Como seria uma Parada do Orgulho Hétero?

Orgulho Hétero


Vamos imaginar que os caras do "orgulho hétero" consigam colocar milhares de pessoas na Avenida Paulista, e escolham determinado domingo para realizar sua parada. Vamos imaginar quatro carros de som, disputadíssimos entre as lideranças do movimento.

No primeiro carro de som, lógico, o vereador DEMO Carlos Apolinário, a sua esquerda, Carlos Malafaia, como sempre histérico, a direita, o eterno perdedor José Serra, um pouco incomodado por não estar no centro das atenções. Como coadjuvantes, Soninha, Mirian Rios, Lucianta Gimenes e todo o elenco das panicats, para marcar bem a posição de Macho das lideranças. 

A trilha sonora seria o melhor da música gospel. 

Na calçada da Paulista, uma multidão se acotovela para saudar seus heróis, que retribuem com tchauzinhos e "deus te abençoe!", sem demonstrar grande empolgação, pois empolgação é coisa da outra parada. Entre espectadores se encontram figurinhas carimbadas da March For Jesus, espectros da Marcha Com Deus Pela Família e Pela Liberdade, a velha guarda dos DOI-CODI, generais de pijama, veteranos do CCC, viúvas da Daslu, o bonde dos carecas do ABC e similares, a turma da União Conservadora Cristã da USP; fãs assíduos do CQC (não confundir com CCC), mais uma malta de curiosos e inocentes uteis, ou inúteis. 

No segundo carro de som, Jair Bolsonaro e sua trupe. Claro que ele exigiria um carro só para si, cheio de prostitutas loiras em trajes menores, tendo como companhia o torturador Brilhante (?) Ustra, Major Curió, sargento Sadan Feitosa (um salve para Quitaúna), Paulo Maluf (deveras excitado) e José Sarney, com um caderninho de notas para não esquecer sua fala como testemunha de defesa do coronal Brilhante Ustra. A trilha sonora? O melhor dos Anos de Chumbo, "eu te amo meu Brasil, eu te amo, meu coração..."

No terceiro carro, a turma do PIG, com direito a Marcelo Tas e toda sua trupe, Boris Casoy (levemente constrangido), as apresentadoras gostosas da Band e da Rede TV, fazendo biquinho e avantajando os decotes, a galera do Pânico na TV, os finados Casseta & Planeta, Willian Waak e um convidado da embaixada de Israel, muito animado com a festa. A trilha sonora fica por conta dos machos do Ultraje a Rigor, ao som de "A gente somos inútil" e "Eu gosto é de mulher".

Por fim, um carro seria reservado ao populacho, carecas do ABC, white power, skinheads, integralistas, convidados da KKK, neo-nazistas, neo-fascistas, o pessoal da UCC da USP, etc. A organização do evento está preocupada com este carro, pois teme que seus componentes se matem até o final do percurso. A trilha sonora ficaria por conta da banda Screwdriver, que não confirmou a participação, pois já agendou uma série de shows em homenagem a Anders Behring Breivic.

A cobertura ficará por conta da Rede Globo, sendo o evento narrado de forma empolgante por Galvão Bueno, haja coração amigos.
*cappacete 

Os amigos do Apolinario

O projeto do vereador Carlos Apolinario (DEM) foi aprovado por outros vereadores na lista abaixo. Será que vão dizer que assinaram sem ler? Ou todos eles querem o dia do Orgulho Hétero (no terceiro domingo de dezembro), como propõe o parlamentar?


Essa barbaridade - tem nome melhor? - ainda vai para o prefeito Kassab que, se pesar o mínimo de inteligência, vai barrar a proposta. Apolinario, só para constar, também foi favorável a outra barbaridade recente: os incentivos fiscais ao Fielzão, estádio que pode abrir a Copa de 2014. E se você quiser entender as posições do vereador, leia texto do próprio, publicado em seu site cujo título é "Não sou homofóbico".

Para quem está por fora do assunto do tal dia Hétero indico dois textos que vão ajudar a compreender melhor os fatos.  O primeiro é de Natalia Mendes no seu blog TodasNós, intitulado "Orgulho nenhum de ser hétero". E o outro é do sempre lúcido Leonardo Sakamoto, intitulado, "Que vergonha de ser hétero".
Os amigos do Apolinario 
Adilson Amadeu (PTB)
Agnaldo Timóteo (PR)
Aníbal de Freitas (PSDB)
Antonio Carlos Rodrigues (PR)
Atílio Francisco (PRB)
Aurélio Nomura (PV)
Carlos Apolinario (DEM)
Celso Jatene (PTB)
Claudinho de Souza (PSDB)
Dalton Silvano (sem partido)
David Soares (PSC)
Domingos Dissei (DEM)
Edir Sales (DEM)
Floriano Pesaro (PSDB)
Gilson Barreto (PSDB)
José Police Neto (sem partido)
José Rolim (PSDB)
Marta Costa (DEM)
Milton Ferreira (PPS)
Milton Leite (DEM)
Noemi Nonato (PSB)
Paulo Frange (PTB)
Quito Formiga (PR)
Ricardo Teixeira (sem partido)
Russomano (PP)
Sandra Tadeu (DEM)
Souza Santos (sem partido)
Tião Farias (PSDB)
Toninho Paiva (PR)
Ushitaro Kamia (DEM)
Wadih Mutran (PP)
Ao lado deste post, temos uma enquete em andamento sobre o tema. Hum, ia esquecendo. No site do Apolinario está rolando outra enquete, sobre ser a favor ou contra o casamento gay. "A favor" vai ganhando de lavada: 71.12%. 
*notaderodapé

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