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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

domingo, agosto 07, 2011

Os ativistas chegam três semanas acampados no bulevar Rothschild de Tel Aviv ante o silêncio midiático internacional

Sobre a “revolta árabe” israelense

Via Diário Liberdade
300 mil ''indignados'' realizam a maior manifestação da história de Israel
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La Radio del Sur - [Tradução de Diário Liberdade]
Mais de 300 mil “indignados” saíram neste sábado às ruas das principais cidades de Israel para protestar pelo alto custo da habitação, aluguéis e a vida em geral.
Só em Tel Aviv cerca de 200 mil pessoas marcharam contra o alto custo da vida. Em Jerusalem, cerca de 20 mil pessoas se mobilizaram até a residência oficial do premiê Netanyahu, na terceira semana de protestos silenciados pela imprensa internacional.
A principal manifestação teve lugar em Tel Aviv, onde mais de 200 mil pessoas se concentraram em torno da praça Habima, próximo de onde foi levantado um acampamento de protesto.
“O povo quer justiça social” ou “Toda uma geração demanda um futuro”, coreavam os manifestantes, emulando as palavras de ordem popularizadas durante as revoltas árabes na Tunísia ou no Egito, e as manifestações de distintas cidades espanholas.
A manifestação paralisou o tráfico em importantes zonas da cidade e foram reproduzidas em outras cidades como Jerusalém, Kiryat Shomna ou Eilat. Enquanto em Jerusalem cerca de 20 mil pessoas marcharam até a residência oficial do primeiro ministro Benjamin Netanyahu para exigir demissões na terceira semana consecutiva de manifestações, resenhou a Europa Press.
Identificados com as palavras de ordem de “o povo demanda justiça” e “uma geração inteira exige um futuro”, os manifestantes anunciaram que líderes sindicais falarão à multidão e grupos artísticos realizarão apresentações ao ar livre.
“Jovens de Israel, chegou a nossa hora”, proclamou o presidente do Sindicato Nacional de Estudantes, Itzik Shmuli, durante a manifestação de Tel Aviv.
“É um despertar coletivo sem precedentes. Estamos sendo testemunhas de como o povo é solidário (...). O que começou como uma batalha por uma habitação acessível converteu-se em um movimento de protesto que é como uma bola de neve e agora fala de uma ampla mudança de sistema”, explicou um dos manifestantes em declarações publicadas pela edição digital do diário Yedioth Aharonoth.
Os ativistas chegam três semanas acampados no bulevar Rothschild de Tel Aviv ante o silêncio midiático internacional, para protestar pelo custo de vida e exigir uma habitação acessível em um movimento que está ganhando apoio dia após dia. A deste sábado é a terceira grande manifestação em Tel Aviv.
Traduzido para Diário Liberdade por Lucas Morais

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