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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

segunda-feira, outubro 03, 2011

Dilma vai abrir festival europeu de cultura que homenageia o Brasil

Renata Giraldi
Rede Brasil Atual

A presidenta Dilma Rousseff abre na terça-feira (4) a 23ª edição do maior festival de artes da Europa, o Europalia, que este ano homenageará o Brasil. Ao longo de três meses e meio, serão apresentados 130 shows, 60 apresentações de dança e 40 de teatro, 20 exposições de artes visuais e 80 conferências literárias, distribuídos por cinco países: Bélgica, Luxemburgo, França, Alemanha e Holanda.

Só os ministérios da Cultura e das Relações Exteriores investiram R$ 30 milhões no evento que contou, também, com o apoio financeiro de empresas públicas e privadas. Além de Dilma Rousseff, estarão presentes na abertura do festival os ministros da Cultura, Ana de Hollanda, e das Relações Exteriores, Antonio Patriota.

O diretor de Relações Internacionais do Ministério da Cultura, Marcelo Dantas, um dos organizadores do evento, disse à Agência Brasil que o esforço dos curadores – há um para cada área artística – foi “fugir do óbvio”.

Os músicos Hermeto Pascoal e Egberto Gismonti mostrarão aos europeus um pouco da alquimia que marca o trabalho dos dois, com uma mistura de sons que envolvem instrumentos convencionais e objetos dos mais variados. O rapper carioca Marcelo D2 vai mostrar o som que mistura black music, rock e rap. A banda Pedro Luis e a Parede seguirá na mesma batida.

O grupo Corpo, de Belo Horizonte, reconhecido internacionalmente como uma das mais importantes companhias de dança contemporânea do mundo, mostrará trechos de seus últimos trabalhos. As companhias Giramundo, de teatro de bonecos, e Intrépida Trupe, que há 21 anos mistura circo, teatro e dança nos espetáculos, também estarão presentes.

O poeta e ensaísta Augusto de Campos e os escritores João Ubaldo Ribeiro e Renato Carvalho estão entre os brasileiros que participarão das conferências literárias do Europalia. Nas artes visuais, a escolha dos trabalhos envolve obras do período colonial do Brasil até os dias de hoje. No cinema, a ideia é apresentar um panorama geral do que se produz no Brasil.

O Europalia, criado nos anos 1960, ocorre a cada dois anos e já virou tradição da agenda cultural do Velho Continente. Até a década de 1990, apenas países europeus eram homenageados. De lá para cá, México, Japão, e China já foram destaques no evento. A próxima edição do festival vai homenagear a Índia, em 2013.

*Esquerdopata

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