Globo e Veja protegem Bruno Covas
Por Altamiro Borges
Entre outras motivações obscuras, a campanha midiática de linchamento do ministro Orlando Silva tem servido para acobertar as sujeiras dos tucanos em São Paulo. Há três meses, o deputado estadual Roque Barbieri (PTB), da base de apoio do governador Geraldo Alckmin (PSDB), denunciou um esquema criminoso de venda de emendas parlamentares – um típico mensalão.
Bruno Covas, deputado licenciado do PSDB e “escolhido” por Alckmin para disputar a prefeitura da capital paulista em 2012, deu com a língua nos dentes e confessou que o esquema criminoso virou rotina na Assembléia Legislativa de São Paulo. Ele até gravou entrevista revelando que já fora sondado por um prefeito e que recebeu - "mas recusei" - proposta de propina de 10% para bancar uma emenda.
Um roubo “hipotético”
Diante do seu “lapso de sinceridade”, a oposição tentou convocá-lo para esclarecimentos na Comissão de Ética da Alesp. O tucano “inexperiente” até tentou desmentir a confissão, dizendo que a declaração era “hipotética”. Só que a entrevista foi gravada e não dava mais negá-la. Mesmo assim, os partidos governistas (PSDB, DEM, PPS e outros) estão sabotando até o seu depoimento na Alesp.
O presidente do Conselho de Ética, o tucano Hélio Nishimoto, sequer enviou o convite aprovado pelos integrantes deste colegiado para que Bruno Covas deponha. Os partidos governistas também têm feito de tudo para abortar a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito para apurar a venda de emendas. A oposição tenta conseguir mais três assinaturas para criar a CPI.
Privilégios do “protegido” de Alckmin
A situação de Bruno Covas é complicada. Em cinco anos de mandato, o tucano intermediou R$ 14,8 milhões em emendas. O limite anual é de R$ 2 milhões para cada deputado. Qual a razão deste privilégio? Será que Bruno Covas, o “protegido” de Alckmin, foi abordado por outros prefeitos ou empreiteiras corruptas com propostas indecorosas de suborno?
O PSDB, que cinicamente cobra “ética” dos outros partidos, não quer nem ouvir falar do assunto. O caso do “mensalão” na Alesp tem deixado os tucanos apavorados. Daí o forte empenho para abafar o escândalo. Há quase duas décadas no comando de São Paulo, os tucanos já conseguiram sabotar 91 pedidos de criação de Comissões Parlamentares de Inquérito.
O silêncio criminoso da mídia
Neste esforço, os tucanos contam com a inestimável ajuda da mídia venal – que inclusive recebe do governo tucano fortunas em anúncios publicitários. A mídia faz escândalo contra o ministro Orlando Silva, que já prestou depoimentos na Câmara Federal e no Senado, concedeu inúmeras entrevistas e abriu o seu sigilo fiscal e bancário.
Mas ela não cobra absolutamente nada do tucano Bruno Covas – que não dá depoimentos na Alesp, evita entrevistas e se esconde covardemente. A mídia julga, condena e fuzila Orlando Silva, mas protege os tucanos. Não apura qualquer denúncia de corrupção no longo reinado do PSDB em São Paulo. O “mensalão” tucano não é capa da Veja e nem destaque no Fantástico. As famiglias Civita e Marinho são amigas do tucanato!
Pressão das ruas contra as manipulações
Diante da vergonhosa partidarização da mídia, só há um jeito. É preciso intensificar a pressão contra as suas manipulações. Daí a importância da reunião ocorrida na semana passada, que juntou deputados e movimentos sociais. Nela ficou acertado colocar o bloco na rua para exigir a abertura da CPI na Alesp. É preciso colocar os tucanos e sua mídia na defensiva, no seu devido lugar.
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