Globo sabota jogos Pan-Americanos
Por Altamiro Borges
No momento em que setores da sociedade discutem a urgência de um novo marco regulatório da mídia, é emblemática a postura da prepotente TV Globo na cobertura dos jogos Pan Americanos, que ocorrem em Guadalajara, México. A emissora, que cochilou e perdeu o direito de exclusividade da transmissão para a TV Record, simplesmente decidiu invisibilizar o torneio. Ela está sabotando o Pan!
O caso é tão cavernoso que gerou protestos de telespectadores. Nas redes sociais, a emissora foi bombardeada. Diante da reação, o Jornal Nacional só rompeu o silêncio no sábado e reservou “longos” 20 segundos para falar das medalhas já conquistadas pelos brasileiros. Renata Vasconcelos, âncora do programa, relatou friamente as conquistas das medalhas no taekwondo e no pentatlo.
O crime será apurado?
Foi a primeira vez que o JN tratou dos jogos de Guadalajara - em pauta há vários meses. Na sexta-feira (14), dia da cerimônia de abertura oficial do Pan, a emissora simplesmente se fingiu de morta. Os jogos viraram “não notícia”, penalizando milhões de brasileiros que ainda assistem esta concessionária pública. Um crime que mereceria apuração, caso houvesse um órgão regulador da mídia no Brasil!
No artigo “O Pan olimpicamente ignorado”, publicado no Observatório da Imprensa, o jornalista Rogério Christofoletti já havia alertado para a gravidade do assunto. Reproduzo alguns trechos da sua crítica:
*****
O fato de a emissora de TV do Jardim Botânico não ter os direitos de transmissão da competição tem feito com que o evento seja simplesmente tratado como dispensável na pauta do seu noticiário. Pior que não ter comprado os direitos de transmissão é ter perdido a exclusividade para o grupo de comunicação que mais vem ‘incomodando’ com índices crescentes de audiência...
Alguém aí pode achar natural que não se coloque azeitona na empada alheia, já que estamos tratando de competidores em audiência e de rivalidade de mercado. Mas informação é um bem diferente de azeitonas em conserva ou empadas. Informação é uma mercadoria de alto valor agregado, que não se degrada com a sua difusão ou compartilhamento e que, muitas vezes, auxilia o seu portador a tomar decisões, escolher caminhos, reorientar-se no mundo.
Isto é, informação é um bem de finalidade pública, embora seja cada vez mais freqüente que empresas controladas por grupos privados a produzam e a façam circular. Independente disso, o produto carece de cuidados e atenções distintas.
Então, cobrir o Pan de Guadalajara é mais do que rechear a empada alheia. É garantir que o público tenha acesso a informações que julga relevantes e interessantes. Afinal, convenhamos, não se pode ignorar os Jogos Pan-Americanos. É uma competição tradicional – existe desde 1951 –, é importante – pois funciona como uma prévia regionalizada dos Jogos Olímpicos de Londres, em 2012 – e é abrangente por ser continental e reunir 29 modalidades esportivas. Esses argumentos bastariam para colocar o evento na pauta de qualquer veículo de comunicação que se preze.
No caso das Organizações Globo, ignorar a efeméride é simplesmente deixar de lado seus recém-anunciados Princípios Editoriais. No documento, os veículos do grupo se comprometem a produzir um jornalismo calcado no que consideram ser os atributos da informação de qualidade: isenção, correção e agilidade. No item que trata de isenção, os princípios são bastante claros, e cito alguns trechos que colidem com o atual comportamento do grupo:
... “(d) Não pode haver assuntos tabus. Tudo aquilo que for de interesse público, tudo aquilo que for notícia, deve ser publicado, analisado, discutido”…
“(n) As Organizações Globo são entusiastas do Brasil, de sua diversidade, de sua cultura e de seu povo, tema principal de seus veículos”…
“p) É inadmissível que jornalistas das Organizações Globo façam reportagens em benefício próprio ou que deixem de fazer aquelas que prejudiquem seus interesses”
Este é um caso típico de descolamento entre o dito e o feito. Claro que as Organizações Globo podem estar preparando coberturas especiais sobre o evento ou correndo para apresentar um material diferenciado às suas audiências. Tomara. Mas se for assim, os veículos do conglomerado estarão atrasados, contrariando outra lei de ouro de seus Princípios Editoriais, a agilidade.
*****
O exemplo da Argentina
Só para refrescar a memória e irritar os barões da mídia nativa: por motivos semelhantes, o governo da Argentina decidiu retirar do Grupo Clarín – tão arrogante e poderoso como a Rede Globo – o direito de exclusividade nas transmissões do campeonato de futebol. Uma concessão pública não pode realçar ou omitir o que lhe interessa. Daí a urgência da regulação da mídia no Brasil!
No momento em que setores da sociedade discutem a urgência de um novo marco regulatório da mídia, é emblemática a postura da prepotente TV Globo na cobertura dos jogos Pan Americanos, que ocorrem em Guadalajara, México. A emissora, que cochilou e perdeu o direito de exclusividade da transmissão para a TV Record, simplesmente decidiu invisibilizar o torneio. Ela está sabotando o Pan!
O caso é tão cavernoso que gerou protestos de telespectadores. Nas redes sociais, a emissora foi bombardeada. Diante da reação, o Jornal Nacional só rompeu o silêncio no sábado e reservou “longos” 20 segundos para falar das medalhas já conquistadas pelos brasileiros. Renata Vasconcelos, âncora do programa, relatou friamente as conquistas das medalhas no taekwondo e no pentatlo.
O crime será apurado?
Foi a primeira vez que o JN tratou dos jogos de Guadalajara - em pauta há vários meses. Na sexta-feira (14), dia da cerimônia de abertura oficial do Pan, a emissora simplesmente se fingiu de morta. Os jogos viraram “não notícia”, penalizando milhões de brasileiros que ainda assistem esta concessionária pública. Um crime que mereceria apuração, caso houvesse um órgão regulador da mídia no Brasil!
No artigo “O Pan olimpicamente ignorado”, publicado no Observatório da Imprensa, o jornalista Rogério Christofoletti já havia alertado para a gravidade do assunto. Reproduzo alguns trechos da sua crítica:
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O fato de a emissora de TV do Jardim Botânico não ter os direitos de transmissão da competição tem feito com que o evento seja simplesmente tratado como dispensável na pauta do seu noticiário. Pior que não ter comprado os direitos de transmissão é ter perdido a exclusividade para o grupo de comunicação que mais vem ‘incomodando’ com índices crescentes de audiência...
Alguém aí pode achar natural que não se coloque azeitona na empada alheia, já que estamos tratando de competidores em audiência e de rivalidade de mercado. Mas informação é um bem diferente de azeitonas em conserva ou empadas. Informação é uma mercadoria de alto valor agregado, que não se degrada com a sua difusão ou compartilhamento e que, muitas vezes, auxilia o seu portador a tomar decisões, escolher caminhos, reorientar-se no mundo.
Isto é, informação é um bem de finalidade pública, embora seja cada vez mais freqüente que empresas controladas por grupos privados a produzam e a façam circular. Independente disso, o produto carece de cuidados e atenções distintas.
Então, cobrir o Pan de Guadalajara é mais do que rechear a empada alheia. É garantir que o público tenha acesso a informações que julga relevantes e interessantes. Afinal, convenhamos, não se pode ignorar os Jogos Pan-Americanos. É uma competição tradicional – existe desde 1951 –, é importante – pois funciona como uma prévia regionalizada dos Jogos Olímpicos de Londres, em 2012 – e é abrangente por ser continental e reunir 29 modalidades esportivas. Esses argumentos bastariam para colocar o evento na pauta de qualquer veículo de comunicação que se preze.
No caso das Organizações Globo, ignorar a efeméride é simplesmente deixar de lado seus recém-anunciados Princípios Editoriais. No documento, os veículos do grupo se comprometem a produzir um jornalismo calcado no que consideram ser os atributos da informação de qualidade: isenção, correção e agilidade. No item que trata de isenção, os princípios são bastante claros, e cito alguns trechos que colidem com o atual comportamento do grupo:
... “(d) Não pode haver assuntos tabus. Tudo aquilo que for de interesse público, tudo aquilo que for notícia, deve ser publicado, analisado, discutido”…
“(n) As Organizações Globo são entusiastas do Brasil, de sua diversidade, de sua cultura e de seu povo, tema principal de seus veículos”…
“p) É inadmissível que jornalistas das Organizações Globo façam reportagens em benefício próprio ou que deixem de fazer aquelas que prejudiquem seus interesses”
Este é um caso típico de descolamento entre o dito e o feito. Claro que as Organizações Globo podem estar preparando coberturas especiais sobre o evento ou correndo para apresentar um material diferenciado às suas audiências. Tomara. Mas se for assim, os veículos do conglomerado estarão atrasados, contrariando outra lei de ouro de seus Princípios Editoriais, a agilidade.
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O exemplo da Argentina
Só para refrescar a memória e irritar os barões da mídia nativa: por motivos semelhantes, o governo da Argentina decidiu retirar do Grupo Clarín – tão arrogante e poderoso como a Rede Globo – o direito de exclusividade nas transmissões do campeonato de futebol. Uma concessão pública não pode realçar ou omitir o que lhe interessa. Daí a urgência da regulação da mídia no Brasil!
A cobiça pelo Ministério do Esporte
Por José Dirceu, em seu blog:
"Uma pessoa que já foi presa e é alvo de um inquérito policial vira a fonte da verdade. Coloco-me à disposição para ir ao Congresso dar explicações. Um bandido me acusa e eu tenho que me explicar". Esta foi a primeira reação do ministro dos Esportes, Orlando Silva, ao responder à matéria principal da revista Veja desta semana, na qual ele é acusado de receber dinheiro de ONGs.
O ministro emitiu nota desmentindo ponto a ponto da matéria e adiantou que já forneceu explicações ao governo. O principal denunciante na reportagem é um policial militar de Brasília, dono de academias de esportes e dirigente de ONGs que lhe possibilitaram firmar convênios com o Ministério dos Esportes, dentro do Programa Segundo Tempo.
O denunciante foi processado e preso sob a acusação de que não aplicou devidamente os recursos obtidos com essas parcerias. Segundo integrantes do PC do B, há meses, a partir do momento em que o Ministério passou a lhe cobrar legalmente a devolução de R$ 3 milhões desviados desses convênios, ele passou a achacar pessoas da Pasta e a ameaçar usar a imprensa para passar a acusação que fez.
Desde que foi criado no governo FHC o Ministério dos Esportes era considerado inexpressivo. Há algum tempo, porém, com os milhões que tem de administrar em obras para a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016 no Brasil tornou-se muito cobiçado. O Ministério peita, ainda, interesses poderosos - inclusive da parte da FIFA - que querem derrubar a meia entrada e a venda de bebidas alcoólicas em estádios na Copa do Mundo no Brasil.
"Uma pessoa que já foi presa e é alvo de um inquérito policial vira a fonte da verdade. Coloco-me à disposição para ir ao Congresso dar explicações. Um bandido me acusa e eu tenho que me explicar". Esta foi a primeira reação do ministro dos Esportes, Orlando Silva, ao responder à matéria principal da revista Veja desta semana, na qual ele é acusado de receber dinheiro de ONGs.
O ministro emitiu nota desmentindo ponto a ponto da matéria e adiantou que já forneceu explicações ao governo. O principal denunciante na reportagem é um policial militar de Brasília, dono de academias de esportes e dirigente de ONGs que lhe possibilitaram firmar convênios com o Ministério dos Esportes, dentro do Programa Segundo Tempo.
O denunciante foi processado e preso sob a acusação de que não aplicou devidamente os recursos obtidos com essas parcerias. Segundo integrantes do PC do B, há meses, a partir do momento em que o Ministério passou a lhe cobrar legalmente a devolução de R$ 3 milhões desviados desses convênios, ele passou a achacar pessoas da Pasta e a ameaçar usar a imprensa para passar a acusação que fez.
Desde que foi criado no governo FHC o Ministério dos Esportes era considerado inexpressivo. Há algum tempo, porém, com os milhões que tem de administrar em obras para a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016 no Brasil tornou-se muito cobiçado. O Ministério peita, ainda, interesses poderosos - inclusive da parte da FIFA - que querem derrubar a meia entrada e a venda de bebidas alcoólicas em estádios na Copa do Mundo no Brasil.
As fontes sinistras da revista Veja
Por Altamiro Borges
Atacado em sua honra pela revista Veja, o ministro dos Esportes, Orlando Silva, foi rápido nas respostas. Ainda de Guadalajara, no México, onde participou da abertura dos Jogos Pan-Americano, ele solicitou que a Polícia Federal investigue as denúncias, colocou à disposição o seu sigilo fiscal e bancário e anunciou que refutará as acusações no Congresso Nacional já na próxima semana.
Atacado em sua honra pela revista Veja, o ministro dos Esportes, Orlando Silva, foi rápido nas respostas. Ainda de Guadalajara, no México, onde participou da abertura dos Jogos Pan-Americano, ele solicitou que a Polícia Federal investigue as denúncias, colocou à disposição o seu sigilo fiscal e bancário e anunciou que refutará as acusações no Congresso Nacional já na próxima semana.
Band ataca MST e Tarso Genro
Por Alexandre Haubrich, no blog Jornalismo B:
Na edição de quinta-feira, o Jornal da Band comentou nota do governo do Rio Grande do Sul que contestava reportagem veiculada na quarta, e reiterou sua posição de ataque ao governador Tarso Genro. Esse posicionamento da Band aparecera pela primeira vez na segunda-feira, com uma nota lida pelos apresentadores do jornal, na qual acusavam o governo de descumprir decisão judicial que determinou a reintegração de posse de uma área pública – da Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária – ocupada pelo MST em Vacaria, no interior do Estado.
Para referendar a posição da emissora, foi enviada a Vacaria a repórter Luci Jorge, que construiu uma matéria nos mesmos termos que a editorializada nota da Band se expressara. Em dois minutos de reportagem, são ditas cinco vezes, sempre pela repórter, expressões como “invasores”, “invadiu” ou similares.
O foco é, do início ao fim, o que a Band chama de “descumprimento da decisão judicial” pelo governo gaúcho. Fala-se apenas de passagem que, na verdade, o mandado de reintegração de posse expedido não tem data para ser cumprido, o que confronta diretamente a tese do “descumprimento”. Como um mandado sem data para cumprimento pode ser descumprido? Só no cursinho Band de Justiça, no qual se aprende que é a mídia quem julga, de acordo com seus próprios interesses imediatos.
Também é rápida a referência ao fato de que a permanência do grupo no local, por mais 90 dias, está condicionada pelo governo à não-interferência nos trabalhos da Fundação. Sobre as reivindicações das famílias, a situação de concentração de terras no Brasil, a reforma agrária e a diferença do tratamento que Tarso dá aos movimentos sociais em relação à sua sucessora, nenhuma palavra.
Na edição de quinta-feira, o Jornal da Band comentou nota do governo do Rio Grande do Sul que contestava reportagem veiculada na quarta, e reiterou sua posição de ataque ao governador Tarso Genro. Esse posicionamento da Band aparecera pela primeira vez na segunda-feira, com uma nota lida pelos apresentadores do jornal, na qual acusavam o governo de descumprir decisão judicial que determinou a reintegração de posse de uma área pública – da Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária – ocupada pelo MST em Vacaria, no interior do Estado.
Para referendar a posição da emissora, foi enviada a Vacaria a repórter Luci Jorge, que construiu uma matéria nos mesmos termos que a editorializada nota da Band se expressara. Em dois minutos de reportagem, são ditas cinco vezes, sempre pela repórter, expressões como “invasores”, “invadiu” ou similares.
O foco é, do início ao fim, o que a Band chama de “descumprimento da decisão judicial” pelo governo gaúcho. Fala-se apenas de passagem que, na verdade, o mandado de reintegração de posse expedido não tem data para ser cumprido, o que confronta diretamente a tese do “descumprimento”. Como um mandado sem data para cumprimento pode ser descumprido? Só no cursinho Band de Justiça, no qual se aprende que é a mídia quem julga, de acordo com seus próprios interesses imediatos.
Também é rápida a referência ao fato de que a permanência do grupo no local, por mais 90 dias, está condicionada pelo governo à não-interferência nos trabalhos da Fundação. Sobre as reivindicações das famílias, a situação de concentração de terras no Brasil, a reforma agrária e a diferença do tratamento que Tarso dá aos movimentos sociais em relação à sua sucessora, nenhuma palavra.
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