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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

segunda-feira, outubro 10, 2011

Pegos na Black Ops, Sheik, Latino e Belo têm histórico de encrencas

Sheik, do Corinthians, já é investigado por lavagem de dinheiro; Diguinho tem passado de brigas em boates; Latino sofre acusação por estupro, cujo processo corre em segredo de Justiça; e Belo só está livre pelo regime de progressão
“Sou um atleta e não um maloqueiro. Sou um trabalhador. Foi tudo esclarecido”, disse o jogador Emerson Sheik, titular do Corinthians, em entrevista ao jornal O Globo. O jogador corintiano, o volante Diguinho, do Fluminense, o meia Kleberson, do Atlético Paranaense, e os cantores Latino e Belo tiveram seus carros confiscados na sexta-feira, 7, durante a maior operação realizada pela Polícia Federal este ano no país – a Black Ops.
A megaoperação resultou na prisão de ao menos 13 pessoas, entre elas três PMs e um israelense procurado pela Justiça americana sob acusação de lavagem de dinheiro e tráfico de drogas. De acordo com as investigações, a quadrilha importava carros usados e os vendia como novos, para lavar dinheiro obtido com a exploração de caças-níqueis. Os veículos vinham dos Estados Unidos e eram importados ilegalmente.
Não é a primeira vez que Emerson Sheik tem problemas com a Polícia Federal. No dia 20 de janeiro de 2006, Sheik foi preso por agentes da Polícia Federal no Aeroporto Internacional Tom Jobim, na Ilha do Governador, no Rio de Janeiro, quando tentava embarcar para os Emirados Árabes com documentos falsos. Em uma certidão de nascimento falsa, que foi usada para emitir o passaporte, havia a informação de que ele nascera em 6 de dezembro de 1981, em Nova Iguaçu, com o nome Márcio Emerson Passos, mas sua certidão de nascimento original diz que ele nasceu em 6 de setembro de 1978, com o nome Márcio Passos de Albuquerque. A justiça brasileira pediu a quebra de sigilo fiscal do jogador, que também é acusado por lavagem de dinheiro. Os crimes de lavagem de dinheiro e evasão de divisas podem levar a penas que variam de dois a dez anos.
Entre os envolvidos na operação, o cantor Belo tem o maior histórico de problemas com a justiça. Ele foi acusado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro por envolvimento com traficantes cariocas. Em 30 de dezembro de 2002, Belo foi condenado a oito anos de prisão — por tráfico de drogas, associação para o tráfico e porte ilegal de armas. O cantor cumpriu pena em regime fechado. Em março de 2006 foi concedido a progressão para o regime semi-aberto.
A vida polêmica do cantor Latino continua movimentando as colunas de fofocas. Ele também já esteve envolvido em escândalos policiais. Em julho do ano passado, Latino foi acusado de estupro pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais. O caso teria acontecido após um show na cidade de Liberdade, quando uma menor de 13 anos teria sofrido abusos cometidos por ele em seu camarim. A investigação corre em segredo de Justiça. Caso Latino venha ser condenado, a pena pode variar entre oito e 15 anos de reclusão.
Os escândalos protagonizados pelo volante do Fluminense, Diguinho, também são frequentes no mundo do futebol. Em novembro do ano passado, durante a festa de aniversário do goleiro Fernando Henrique, Diguinho se envolveu em uma discussão que culminou numa briga com três rapazes. Os homens agrediram o volante, que acabou machucando a mão. Os rapazes não prestaram queixa, mas o jogador chegou a ser advertido pela diretoria do clube. Frequentador assíduo da noite carioca, Diguinho foi agredido por torcedores durante um treino do Fluminense, em novembro de 2009. Cerca de 30 integrantes de uma facção organizada do time carioca invadiram o campo das Laranjeiras para cobrar o volante. Na confusão, Diguinho levou um soco no estômago.
A trajetória do meia Kleberson, outro acusado de ter comprado um carro de luxo da quadrilha desbaratada, é marcada por hábitos discretos. O jogador foi revelado pelo Atlético-PR. Em 2004, foi vendido para clube inglês Manchester United, onde tornou-se o primeiro jogador brasileiro da agremiação. Dois anos mais tarde, retornou ao Brasil, de contrato assinado com o Flamengo. Durante o Campeonato Brasileiro deste ano, o jogador foi emprestado para o clube que o revelou. O mandado de apreensão do carro do jogador foi cumprido às 6h na casa dele – e surpreendeu a todos. O carro de Kleberson, um modelo Jeep Hummer, que teria sido importado ilegalmente dos Estados Unidos, foi levado para a Receita Federal. Segundo a assessoria da PF, Kleberson teria agido de "boa fé" e atendido tranquilamente o pedido dos policiais.
A investigação da operação Black Ops contou com o apoio de agências de inteligência de Israel, da Inglaterra e dos Estados Unidos. De acordo com agentes da Polícia Federal, entre os veículos apreendidos estão uma Lamborghini e um Ford Mustang 500. Os veículos foram encaminhados à Receita Federal e ficarão à disposição da Justiça.
Manuela Menezes
No Brasil 247

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