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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, outubro 01, 2011

Psicopatas com gravata

Quem trabalha nas Bolsas é uma pessoa normal?
Já olharam bem os olhos do director do vosso banco?

Na Universidade de St. Gallen, na Suíça, pensaram comparar as atitudes dum psicopático com aquelas dum trader: egoísmo, crueldade e falta de cooperação.

E o resultado é que afinal os psicopatas não são tão maus.

No âmbito duma tese Mba (Master in business administration), Thomas Noll e Pascal Scherrer compararam 27 profissionais da finança, comerciantes de matérias primas, banqueiros, operadores de hedge founds, com um grupo de 24 psicopatas mais um terceiro grupo de controle, formato por 24 pessoas "normais" (se assim podemos definir um Suíço).

Perante um teste estruturado como o clássico dilema do prisioneiro (o problema talvez mais clássico na teoria dos jogos, utilizado também para ilustrar a teoria do equilíbrio de Nash), os sujeitos do grupo de controle se mostraram mais cooperativos, seguidos pelo psicopatas e, em terceiro lugar, os magos da finança.

Portanto, os traders mostraram ser mais agressivos e egoístas do que os outros, manifestando como fim da própria acção apenas o ganho e acabando desta forma atrás dos psicopatas.

Coisa ainda mais espantosa, conseguiram ganhar menos do que os psicopatas. Pelo que surge a dúvida: é melhor deixar os hedge founds nas mãos dum trader ou dum psicopata? Os resultados do teste indicam que o psicopata dá mais confiança.

Apesar do estudo envolver um número reduzido de pessoas, Noll acha que permaneça estatisticamente significativo, considerado também a influência que um só trader pode ter no mercado.

Afirma Noll, psiquiatra e responsável do centro de detenção de Pöschwies:
Aquela mostrado pelo grupo dos operadores financeiros é uma atitude muito destruidora, é como tentar possuir o carro mais bonito do bairro arruinando os carros dos vizinhos com o taco de baseball.
Na Suíça (que, lembramos, é um dos mais importantes centros financeiros do Mundo) realçam que talvez não seria mal um teste antes de assumir um operador financeiro numa empresa; mas a dúvida e´que seja o mesmo ambiente de trabalho que acabe com incentivar atitudes extremamente agressivas como aquelas mostradas no laboratório.

Mas o problema de fundo permanece o mesmo: uma revolução cultural que possa subverter o mecanismo egoísta e absolutista que hoje está na base da sociedade.
Embora animal social, o Homem escolheu forçar a estrada da competição: e isso apesar da cooperação ter-se demonstrado como a forma mais rentável de viver.

John F. Nash Jr, prémio Nobel de Economia:
Um jogo pode ser descrito em termos de estratégia que os jogadores têm que seguir: há equilíbrio quando ninguém consegue melhorar de forma unilateral a própria atitude. Para mudar, é preciso actuar em conjunto: de forma unilateral podemos apenas evitar o pior, enquanto para atingir o melhor precisamos de cooperação.

Ipse dixit.

Fontes: Greenreport, Spiegel
*InformaçãoIncorreta

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