Dilma vem para fazer História
Quem não se lembra da crônica política de dois anos atrás que,
diante da iminência da vitória da candidata Dilma Roussef, rotulava-a como
inexperiente, pronta para ser engolida, seja pela previsível
subserviência ao que seria o seu inventor (Lula) seja pela matreirice
corporativista de um congresso formado basicamente por raposas da política,
por aproveitadores e fisiológicos? Quem não se recorda do conceito
de “pau mandado” que lhe tentaram impingir em relação ao ex-presidente,
eminência parda para quem a presidenta eleita apenas esquentaria o lugar para
um hipotético retorno do líder petista ?
Um mínimo de honestidade dessa turma de críticos, alicerçada nos
atos e fatos que vêm marcando o governo Dilma, já deve estar mexendo com
determinadas convicções então levantadas, ao menos por parte dos realmente bem
intencionados. E não é por acaso que mesmo alguns setores da mídia que se
pautam permanentemente pelas tentativas de desestabilizar o poder constituído
pelo povo, mesmo esses estão mais cautelosos nas observações e análises sobre
as posturas da Presidenta, que hoje desfruta dos mais altos índices de
aceitação conferidos nos últimos anos a um mandatário nacional. E então, claro,
voltam suas baterias para o Lula, contando com a cumplicidade de alguns golpistas
e de muitos figurões da República. ... E elegem o “mensalão” petista (que,
diga-se, tem mesmo que ser julgado e, se for o caso, punido) como o nosso mais
sério delito de corrupção, esquecendo o seu irmão gêmeo mineiro, a compra de
votos para a reeleição, as denúncias da Privataria Tucana e tudo mais
que, em nosso país, está se transformando numa cachoeira, ou, se quiserem, numa
enxurrada . Mas esse é um outro assunto...
A Presidenta não titubeou no caso dos ministros que se viram
envolvidos em denúncias de malversação, tráfico de influência ou coisas
do gênero. Com sabedoria de estadista, administrou as crises – que muitos
pretendiam avassaladoras – e deixou que o bom senso (ou o rabo preso) dos
envolvidos encaminhasse as soluções de afastamento. Recusou o rótulo pejorativo
de faxineira, e afirmou-se pela sobriedade e seriedade com que foi equacionando
os problemas. Nas substituições que fez, deixou clara uma posição de
independência em relação a muitos interesses da sua própria base política de apoio,
apostando no técnico contra o político, na eficiência contra a demagogia.
É bem nítido que o nosso sistema político de composições
para a malfadada “governabilidade” tem impedido muitas vezes a
Presidenta de fazer valer seus propósitos. Mesmo assim, até pelas reações
corajosas de Dilma, poucas vezes a sociedade brasileira pôde
perceber tão claramente esse jogo espúrio de pressões e contrapressões que
ainda marcam o cenário nada republicano de nossa
política.
De qualquer forma, a Presidenta vem impondo sua marca, cada
vez mais particular, na condução de assuntos que, embora de interesse de
todo o povo brasileiro, são (ou eram) tidos como intocáveis. Um deles :
os juros cobrados no sistema bancário. Dilma não economizou críticas – em
horário nobre e rede nacional – às exorbitâncias praticadas e não apenas cobrou
medidas da rede particular como usou os bancos oficiais como elementos de
concorrência, em uma linguagem que o “mercado” certamente entende
...
A criação da Comissão da Verdade , acompanhada da verdadeira
profissão de fé da Presidenta , e a transparente Lei do Acesso, são ações que,
embora tardias, finalmente surgem agora como irreversíveis conquistas da
cidadania, marcas adicionais no perfil de estadista da Presidenta.
Se Dilma não pôde – como queriam os ambientalistas – vetar
totalmente o escandaloso Código Florestal aprovado no Congresso, nem por isso
cedeu aos ruralistas naquilo que considerou mais relevante para a
preservação de nossas florestas e para a afirmação de princípios éticos como o
da não anistia aos grandes desmatadores.
São apenas alguns exemplos, dentre muitos , que justificam os
números que as repetidas pesquisas estão revelando. Agora mesmo leio nos
jornais a publicação, pelos Ministérios da Saúde e da Justiça, de lei que
criminaliza a exigência, por parte de entidades de saúde particulares , de
cheque-caução para atendimento médico de urgência, tipificando a
exigência como crime de omissão de socorro. Sabemos todos da “caixa preta” que
envolve esse e outros assuntos ligados aos planos de saúde.
Evidentemente, nem tudo são ou serão flores no âmbito federal. Há
muitos desafios pela frente. Dilma reafirmou em recente pronunciamento que seu
compromisso é com o crescimento econômico do país, com inclusão social e sustentabilidade.
Lamentavelmente, a permanente tentativa dos nossos partidos de fazer
valer a política do “toma lá dá cá” não são práticas que desaparecerão em
um repente, por milagre ou por espasmo. Dilma , nesse âmbito, às vezes
tem que empenhar-se em dobrar alguns dos seus próprios companheiros de
partido...
Mas o caminho da Presidenta, esperamos todos , deve ser o
do enfrentamento do fisiologismo reinante. Aproveitando-se dos exitosos
índices que o país vem revelando no cenário mundial – que garante aos
brasileiros uma relativa tranquilidade em meio à crise geral -penso que está na
hora de fazer valer sua merecida popularidade para trocar,
gradativamente, o comprometido apoio de políticos discutíveis pelo
indiscutível apoio popular. Nas ruas, se for o caso, quando necessário, na
velha tradição das grandes causas públicas.
*Soa-Brasil
Dilma vai à guerra
Mauricio Dias
Após embate com o poderoso capital financeiro, a presidenta Dilma forçou
e conseguiu a redução dos juros para um patamar histórico. A taxa de
8,5% ao ano, anunciada nos últimos dias, não só marca o aniversário dos
primeiros 18 meses de administração dela como também consolida, para
decepção dos céticos, a identidade de Dilma.
Fonte: CNI/Ibope
Ela não é mais tão somente uma invenção de Lula. E, com o perdão das
feministas e para fazer escárnio dos machistas, o feito não é alcançado
pelo fato de uma mulher ser responsável pelo sucesso nem por ela ser
“durona como um homem”, como insistiria o frustrado.
O gênero não define nada. O que vem ocorrendo é resultado de coragem e determinação política.
Após superar a difícil fase de denúncias sobre assessores suspeitos de
corrupção, ou malfeitos, como diz ela, Dilma foi em frente. Afastou
ministros indicados pela base governista e deixou o Congresso
baratinado, soltando grunhidos de insatisfação.
Chegou-se a pensar que ela faria uma faxina capaz de desestabilizar o
governo, ou cederia. Não fez a faxina e não cedeu. Assim começou a
imprimir suas digitais na administração. O Congresso cedeu.
Posteriormente, pressionada pela crise internacional, partiu resoluta
para a queda de braço com os agentes do mundo financeiro. Eles esboçaram
uma reação.
Esperavam o recuo e se surpreenderam com o avanço.
A presidenta exibiu a musculatura do braço estatal – Banco do Brasil e Caixa Econômica – e os agentes privados cederam.
Poucos, além de fanáticos torcedores partidários, acreditavam que a
presidenta pudesse, sem o tutor político dela, ganhar identidade
própria. Pensavam assim os próprios militantes, os órfãos de Lula e,
naturalmente, a oposição, por elementar dever de ofício.
Dilma, neste curto período de ano e meio, contrariou os mais importantes
atores políticos do País ou, quando menos, grupos influentes como os
ambientalistas.
Ruralistas poderosos e ambientalistas influentes foram desagradados por
Dilma a partir das decisões tomadas em relação aos vetos e propostas,
nesse caso por via de medidas provisórias, do polêmico Código Florestal.
Para desespero dos profissionais de uma lógica superada, ela não
desestabilizou a base governista que, contabilizadas as alianças
formais, é formada por cerca de 350 parlamentares.
“Dilma fez tudo isso sem bravata e com a sobriedade que a função
presidencial exige”, constata Carlos Augusto Montenegro, do Ibope.
Mas, sem dúvida, não teria sucesso sem um apoio maciço da população. Os
porcentuais do índice de “Confiança no Presidente” (tabela) sustentam a
estabilidade do governo malgrado os conflitos frequentes com a base
governista no Congresso.
Ela só tem porcentual menor de confiança do que Lula tinha (80%) após
três meses de governo no primeiro mandato. Mas no primeiro trimestre do
segundo ano de governo comparado com Lula, seja no primeiro ou no
segundo mandato, ela já deixou Lula para trás: 72% dela contra 60% de
Lula no primeiro mandato e 68% no segundo.
Dilma contrariou também os militares com a formalização da Comissão da
Verdade e irritou a burocracia ao promulgar a Lei de Acesso à
Informação.
O Brasil está diante de uma importante transformação. E ela projeta uma
mudança fundamental: o ambiente político-eleitoral que elegeu Dilma em
2010 já não será o mesmo. Em 2014, talvez não seja inteiramente outro,
mas certamente será diferente.
Dilma deve, no entanto, a implantação de um novo código para o setor de comunicações. Para isso, no entanto, ainda virá a tempo.
*esquerdopata
Quem não se lembra da crônica política de dois anos atrás que,
diante da iminência da vitória da candidata Dilma Roussef, rotulava-a como
inexperiente, pronta para ser engolida, seja pela previsível
subserviência ao que seria o seu inventor (Lula) seja pela matreirice
corporativista de um congresso formado basicamente por raposas da política,
por aproveitadores e fisiológicos? Quem não se recorda do conceito
de “pau mandado” que lhe tentaram impingir em relação ao ex-presidente,
eminência parda para quem a presidenta eleita apenas esquentaria o lugar para
um hipotético retorno do líder petista ?
Um mínimo de honestidade dessa turma de críticos, alicerçada nos
atos e fatos que vêm marcando o governo Dilma, já deve estar mexendo com
determinadas convicções então levantadas, ao menos por parte dos realmente bem
intencionados. E não é por acaso que mesmo alguns setores da mídia que se
pautam permanentemente pelas tentativas de desestabilizar o poder constituído
pelo povo, mesmo esses estão mais cautelosos nas observações e análises sobre
as posturas da Presidenta, que hoje desfruta dos mais altos índices de
aceitação conferidos nos últimos anos a um mandatário nacional. E então, claro,
voltam suas baterias para o Lula, contando com a cumplicidade de alguns golpistas
e de muitos figurões da República. ... E elegem o “mensalão” petista (que,
diga-se, tem mesmo que ser julgado e, se for o caso, punido) como o nosso mais
sério delito de corrupção, esquecendo o seu irmão gêmeo mineiro, a compra de
votos para a reeleição, as denúncias da Privataria Tucana e tudo mais
que, em nosso país, está se transformando numa cachoeira, ou, se quiserem, numa
enxurrada . Mas esse é um outro assunto...
A Presidenta não titubeou no caso dos ministros que se viram
envolvidos em denúncias de malversação, tráfico de influência ou coisas
do gênero. Com sabedoria de estadista, administrou as crises – que muitos
pretendiam avassaladoras – e deixou que o bom senso (ou o rabo preso) dos
envolvidos encaminhasse as soluções de afastamento. Recusou o rótulo pejorativo
de faxineira, e afirmou-se pela sobriedade e seriedade com que foi equacionando
os problemas. Nas substituições que fez, deixou clara uma posição de
independência em relação a muitos interesses da sua própria base política de apoio,
apostando no técnico contra o político, na eficiência contra a demagogia.
É bem nítido que o nosso sistema político de composições
para a malfadada “governabilidade” tem impedido muitas vezes a
Presidenta de fazer valer seus propósitos. Mesmo assim, até pelas reações
corajosas de Dilma, poucas vezes a sociedade brasileira pôde
perceber tão claramente esse jogo espúrio de pressões e contrapressões que
ainda marcam o cenário nada republicano de nossa
política.
De qualquer forma, a Presidenta vem impondo sua marca, cada
vez mais particular, na condução de assuntos que, embora de interesse de
todo o povo brasileiro, são (ou eram) tidos como intocáveis. Um deles :
os juros cobrados no sistema bancário. Dilma não economizou críticas – em
horário nobre e rede nacional – às exorbitâncias praticadas e não apenas cobrou
medidas da rede particular como usou os bancos oficiais como elementos de
concorrência, em uma linguagem que o “mercado” certamente entende
...
A criação da Comissão da Verdade , acompanhada da verdadeira
profissão de fé da Presidenta , e a transparente Lei do Acesso, são ações que,
embora tardias, finalmente surgem agora como irreversíveis conquistas da
cidadania, marcas adicionais no perfil de estadista da Presidenta.
Se Dilma não pôde – como queriam os ambientalistas – vetar
totalmente o escandaloso Código Florestal aprovado no Congresso, nem por isso
cedeu aos ruralistas naquilo que considerou mais relevante para a
preservação de nossas florestas e para a afirmação de princípios éticos como o
da não anistia aos grandes desmatadores.
São apenas alguns exemplos, dentre muitos , que justificam os
números que as repetidas pesquisas estão revelando. Agora mesmo leio nos
jornais a publicação, pelos Ministérios da Saúde e da Justiça, de lei que
criminaliza a exigência, por parte de entidades de saúde particulares , de
cheque-caução para atendimento médico de urgência, tipificando a
exigência como crime de omissão de socorro. Sabemos todos da “caixa preta” que
envolve esse e outros assuntos ligados aos planos de saúde.
Evidentemente, nem tudo são ou serão flores no âmbito federal. Há
muitos desafios pela frente. Dilma reafirmou em recente pronunciamento que seu
compromisso é com o crescimento econômico do país, com inclusão social e sustentabilidade.
Lamentavelmente, a permanente tentativa dos nossos partidos de fazer
valer a política do “toma lá dá cá” não são práticas que desaparecerão em
um repente, por milagre ou por espasmo. Dilma , nesse âmbito, às vezes
tem que empenhar-se em dobrar alguns dos seus próprios companheiros de
partido...
Mas o caminho da Presidenta, esperamos todos , deve ser o
do enfrentamento do fisiologismo reinante. Aproveitando-se dos exitosos
índices que o país vem revelando no cenário mundial – que garante aos
brasileiros uma relativa tranquilidade em meio à crise geral -penso que está na
hora de fazer valer sua merecida popularidade para trocar,
gradativamente, o comprometido apoio de políticos discutíveis pelo
indiscutível apoio popular. Nas ruas, se for o caso, quando necessário, na
velha tradição das grandes causas públicas.
*Soa-Brasil
Dilma vai à guerra
Mauricio Dias
Após embate com o poderoso capital financeiro, a presidenta Dilma forçou
e conseguiu a redução dos juros para um patamar histórico. A taxa de
8,5% ao ano, anunciada nos últimos dias, não só marca o aniversário dos
primeiros 18 meses de administração dela como também consolida, para
decepção dos céticos, a identidade de Dilma.
Fonte: CNI/Ibope |
Ela não é mais tão somente uma invenção de Lula. E, com o perdão das
feministas e para fazer escárnio dos machistas, o feito não é alcançado
pelo fato de uma mulher ser responsável pelo sucesso nem por ela ser
“durona como um homem”, como insistiria o frustrado.
O gênero não define nada. O que vem ocorrendo é resultado de coragem e determinação política.
Após superar a difícil fase de denúncias sobre assessores suspeitos de
corrupção, ou malfeitos, como diz ela, Dilma foi em frente. Afastou
ministros indicados pela base governista e deixou o Congresso
baratinado, soltando grunhidos de insatisfação.
Chegou-se a pensar que ela faria uma faxina capaz de desestabilizar o
governo, ou cederia. Não fez a faxina e não cedeu. Assim começou a
imprimir suas digitais na administração. O Congresso cedeu.
Posteriormente, pressionada pela crise internacional, partiu resoluta
para a queda de braço com os agentes do mundo financeiro. Eles esboçaram
uma reação.
Esperavam o recuo e se surpreenderam com o avanço.
A presidenta exibiu a musculatura do braço estatal – Banco do Brasil e Caixa Econômica – e os agentes privados cederam.
Poucos, além de fanáticos torcedores partidários, acreditavam que a
presidenta pudesse, sem o tutor político dela, ganhar identidade
própria. Pensavam assim os próprios militantes, os órfãos de Lula e,
naturalmente, a oposição, por elementar dever de ofício.
Dilma, neste curto período de ano e meio, contrariou os mais importantes
atores políticos do País ou, quando menos, grupos influentes como os
ambientalistas.
Ruralistas poderosos e ambientalistas influentes foram desagradados por
Dilma a partir das decisões tomadas em relação aos vetos e propostas,
nesse caso por via de medidas provisórias, do polêmico Código Florestal.
Para desespero dos profissionais de uma lógica superada, ela não
desestabilizou a base governista que, contabilizadas as alianças
formais, é formada por cerca de 350 parlamentares.
“Dilma fez tudo isso sem bravata e com a sobriedade que a função
presidencial exige”, constata Carlos Augusto Montenegro, do Ibope.
Mas, sem dúvida, não teria sucesso sem um apoio maciço da população. Os
porcentuais do índice de “Confiança no Presidente” (tabela) sustentam a
estabilidade do governo malgrado os conflitos frequentes com a base
governista no Congresso.
Ela só tem porcentual menor de confiança do que Lula tinha (80%) após
três meses de governo no primeiro mandato. Mas no primeiro trimestre do
segundo ano de governo comparado com Lula, seja no primeiro ou no
segundo mandato, ela já deixou Lula para trás: 72% dela contra 60% de
Lula no primeiro mandato e 68% no segundo.
Dilma contrariou também os militares com a formalização da Comissão da
Verdade e irritou a burocracia ao promulgar a Lei de Acesso à
Informação.
O Brasil está diante de uma importante transformação. E ela projeta uma
mudança fundamental: o ambiente político-eleitoral que elegeu Dilma em
2010 já não será o mesmo. Em 2014, talvez não seja inteiramente outro,
mas certamente será diferente.
Dilma deve, no entanto, a implantação de um novo código para o setor de comunicações. Para isso, no entanto, ainda virá a tempo.
*esquerdopata
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