Chávez diz que paraguaios pediram suborno para aceitar Venezuela no Mercosul
Tensão entre Caracas e Assunção atinge escala máxima; paraguaios negam barganha financeira para aceitar venezuelanos
CARACAS - O presidente venezuelano, Hugo Chávez, disse nesta
quinta-feira que senadores paraguaios pediram subornos para aprovar a
adesão venezuelana ao Mercosul, acusação que foi rejeitada por
parlamentares e que exacerbou a atual disputa diplomática entre Caracas e
Assunção.
A Venezuela retirou seu embaixador do Paraguai e suspendeu o envio de
petróleo ao país depois que o Senado, num rápido processo político,
destituiu em junho o presidente socialista Fernando Lugo, o que Chávez
qualificou como "golpe de Estado".
O novo governo paraguaio, por sua vez, retirou na quarta-feira seu
embaixador em Caracas e acusou o chanceler venezuelano, Nicolás Maduro,
de ter pedido em reunião com militares em Assunção que as Forças Armadas
paraguaias impedissem a destituição de Lugo.
A entrada da Venezuela no Mercosul já havia sido aprovada pelos
Congressos da Argentina, Brasil e Uruguai, mas estava sendo
inviabilizada devido à resistência do Parlamento paraguaio.
Depois do impeachment de Lugo, o Mercosul suspendeu o Paraguai dos seus
quadros, e assim a Venezuela pôde finalmente se tornar membro pleno do
bloco.
Em discurso à Assembleia Nacional venezuelana por ocasião do Dia da
Independência, Chávez disse que "um grupo desses senadores do Paraguai,
desses que deram o golpe, estava pedindo dinheiro, ou seja, pediam
dinheiro a nós para permitir entrar no Mercosul".
"Eu disse a Nicolás (Maduro): Nicolás, mande-os passear. São umas
verdadeiras máfias. Pedindo dinheiro, pedindo dinheiro. Também há
testemunhas brasileiras disso, também há testemunhas argentinas disso",
acrescentou Chávez, sem entrar em detalhes nem citar nomes.
Parlamentares paraguaios reagiram negando a versão de Chávez.
"Parece-me sumamente grave o que denuncia o presidente Chávez, e me
parece que deveria apresentar provas", disse o senador paraguaio Hugo
Estigarribia, do Partido Colorado.
"Esperemos que não seja uma acusação para desviar a atenção das supostas
atuações de Maduro no Paraguai", acrescentou o senador, que apoiou a
destituição e era contra a adesão venezuelana ao Mercosul.
Reportagem de Deisy Buitrago, em Caracas; e de Daniela Desantis, em AssunçãoNo Reuters
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