A estreia de Marighella está
prevista para outubro; uma parcela importante da história republicana e
da luta dos brasileiros contra a opressão e pelo socialismo vai ser
narrada contando a vida deste grande dirigente comunista.
Por José Carlos Ruy
Marighella (à dir.) com a sobrinha Isa no ombro, ao lado de Clara Charf e do resto da família Grinspum em 1962
Carlos
Marighella é um herói do povo brasileiro. Começou sua atividade de
revolucionário ainda como estudante secundarista, na Bahia da década de
1930. Filiado ao Partido Comunista do Brasil (PCB) em 1934, dirigiu a
Aliança Nacional Libertadora (ANL) na Bahia em 1935, foi preso e
torturado em 1936 e depois em 1939, só saindo da cadeia em 1945.
Dirigente do PCB, foi um dos 14 deputados constituintes do partido
eleitos naquele ano, tendo uma atuação destacada na Assembleia Nacional
Constituinte.
Baiano da Baixada do Sapateiro, em
Salvador, filho de um imigrante italiano e de uma negra descendente de
escravos hauças, foi um homem de múltiplos talentos - político, poeta,
teórico marxista, dirigente guerrilheiro na década de 1960. Seu nome
tornou-se uma lenda e a ditadura militar de 1964 o considerou seu
inimigo número 1.
Rompeu com o reformismo do PCB (Partido
Comunista Brasileiro) em 1967, organizou a Ação Libertadora Nacional
(ALN) para a resistência armada contra a ditadura e foi autor do
célebre Manual do Guerrilheiro Urbano,
traduzido mundo afora. Não tinha completado 60 anos de idade quando foi
assassinado na alameda Casabranca, em São Paulo, em 4 de novembro de
1969, em uma emboscada da repressão política da ditadura, dirigida pelo
torturador e assassino político Sérgio Fleury.
Sua história está contada agora no filme Marighella,
dirigido por sua sobrinha Isa Grinspum Ferraz, com estreia prevista
para outubro. "Um dia, faz 40 anos, eu estava indo com meu pai para a
escola e ele disse: 'Vou te contar um segredo: seu tio Carlos é o Carlos
Marighella'". O filme começa com esta declaração da sobrinha Isa, que é
também socióloga. "Tio Carlos era casado com tia Clara”, conta ela.
“Eles estavam sempre aparecendo e desaparecendo de casa. Era carinhoso,
brincalhão, escrevia poemas pra gente. Nunca tinha associado o rosto
dele aos cartazes de 'Procura-se' espalhados pela cidade", continua a
voz de Isa, no filme. Sua ideia foi " desfazer o preconceito que até
pouco tempo atrás havia contra meu tio. Era um nome amaldiçoado,
sinônimo de horror. Além da vida clandestina e do ciclo de prisões e
torturas, procuramos mostrar também o poeta, estudioso, amante de samba,
praia e futebol, e acima de tudo o grande homem de ideias que ele foi".
*Cappacete
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