Páginas

Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, julho 17, 2012


Nelson Mandela completa 94 anos

O ícone da liberdade da África do Sul foi o primeiro presidente negro
Em janeiro de 2011, Mandela foi hospitalizado por uma infecção respiratória / Debbie Yazbek/ Mandela Foundation/ AFP/ ArquivoEm janeiro de 2011, Mandela foi hospitalizado por uma infecção respiratóriaDebbie Yazbek/ Mandela Foundation/ AFP/ Arquivo
Nelson Mandela completa 94 anos nesta quarta-feira, 18 de julho, uma data importante na África do Sul, ocasião para multiplicar as homenagens, as boas ações e também os debates críticos sobre a melhor maneira de prosseguir com seu combate e com seu trabalho de reconciliação.

Herói da luta contra o regime da segregação racial, "Tata" Mandela ou "papai" Mandela, como é chamado com respeito e afeto, é notícia frequentemente por motivos de saúde. Mas agora esta data, que significava festas na presença de estrelas ou de dignitários estrangeiros, é celebrada em família.

Em janeiro de 2011, Mandela foi hospitalizado por uma infecção respiratória, e em fevereiro precisou se submeter a alguns exames.

As últimas notícias, fornecidas pelo presidente Jacob Zuma, que se encontrou recentemente com ele, afirmam que Mandela encontra-se "bem de saúde".

"Foi um prazer vê-lo, como sempre. Eu estava particularmente feliz por poder felicitá-lo antes de seu próximo aniversário. Também o informei de que, como sempre, todos os sul-africanos esperam o dia 18 para poder desejá-lo um feliz aniversário de todas as maneiras possíveis", declarou o presidente sul-africano em um comunicado.

Zelda la Grange, que foi sua secretária particular, também declarou à rádio que o encontrou "em forma" e "mimado por sua família e pela equipe média que o rodeia".

Há um ano, Nelson Mandela vive entre Johannesburgo e Qunu, sua cidade natal, onde se instalou em maio em sua casa reformada.

Mandela, que se retirou da vida política em 2004, não perde seu país de vista, assegura à AFP seu velho amigo e companheiro de cela Ahmed Kathrada, de 82 anos. "A última vez que o vi, há cerca de um mês, estava ocupado lendo seus jornais", disse recentemente Kathrada.

"Tomara que possa seguir conosco por muito mais tempo e possa nos dar conselhos", afirma. Os dois homens permaneceram juntos na prisão por 26 anos.

Nelson Mandela foi libertado em 1990 após 27 anos de reclusão. Dirigiu as negociações que permitiram a transição, sem guerra civil, em direção à democracia multirracial.

O primeiro presidente negro da África do Sul, de 1994 a 1999, fez sua última aparição pública em 2010, no Mundial de Futebol organizado por seu país.

Desde então, as chances de vê-lo estão reservadas aos seus parentes, a jovens talentos que vão se apresentar para ele, ou através da televisão, como quando foi mostrado em casa preenchendo seu formulário de censo ou como quando recebeu a chama do centenário de seu partido, o ANC (Conselho Nacional Africano). Embora não seja feriado, o dia de seu aniversário é uma data muito especial.

Na quarta-feira às 03h, milhares de estudantes cantarão "Happy Birthday Madiba", o nome de clã tradicional de Nelson Mandela. Uma iniciativa a qual os organizadores esperam somar 20 milhões de vozes.

O Mandela Day é reconhecido desde 2009 pela ONU como um chamado mundial a consagrar 67 minutos de nosso tempo a ajudar os semelhantes como homenagem aos valores defendidos pelo primeiro presidente negro de seu país.

Estes 67 minutos correspondem aos 67 anos que Mandela consagrou ao combate político.
*NINA

Nenhum comentário:

Postar um comentário