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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

domingo, julho 15, 2012

Noam Chomsky: Plutonomía e precários: O declive da economia estadunidense

Noam Chomsky*

Estamos a viver uma autêntica regressão para tempos muito negros. Se se pensa que isto está a passar-se no país mais poderoso e rico da história, a catástrofe parece inevitável. Há que fazer alguma coisa, e fazê-lo rapidamente, com dedicação e de forma sustentável. Não será simples. Haverá, seguramente, obstáculos, dificuldades e fracassos. Mais: se o espírito surgido o ano passado, aqui e noutros rincões do mundo, não cresce e não consegue converter-se numa força de peso no mundo social e político, as possibilidades de um futuro digno não serão muito grandes.

O movimento «Ocupemos» teve um desenvolvimento estimulante. Até onde a minha memória alcança, não houve nunca nada parecido. Consegue reforçar as suas ligações e as associações que se criaram nestes meses poderão protagonizar, ao longo do obscuro período que se avizinha – não haverá uma vitória rápida –, um momento decisivo na história dos Estados Unidos.
A singularidade deste movimento não deveria surpreender. Ao cabo e ao resto, vivemos uma época inédita, que arranca em 1970 e que marcou um autêntico ponto de inflexão na história dos Estados Unidos. Durante séculos, desde o seu começo como país, os EUA foram sempre uma sociedade em desenvolvimento. Se o foram sempre na direcção certa é outra história. Mas em termos gerais, o progresso pressupôs riqueza, industrialização, desenvolvimento e esperança. Existia uma expectativa mais ou menos larga de que continuaria sempre assim. E continuou, inclusive nos tempos mais negros.
Tenho idade suficiente para recordar a Grande Depressão. Em meados dos anos 30 a situação era objectivamente mais dura que a actual. O ânimo, no entanto, era outro. Havia a sensação generalizada de que sairíamos em frente. Mesmo as pessoas sem emprego, entre os quais se contavam alguns parentes meus, pensavam que as coisas melhorariam. Existia um movimento sindical militante, especialmente no âmbito do Congresso de Organizações Industriais. E começaram a acontecer greves com ocupação de fábricas que aterrorizavam o mundo empresarial – basta consultar a imprensa da época. Uma ocupação, de facto, é o passo prévio à autogestão das empresas. Um tema, diga-se de passagem, que está bastante presente na agenda actual. Apesar dos tempos serem duros havia uma sensação, como dizia acima, de que se acabaria por «sair da crise». Hoje as coisas são diferentes. Entre boa parte da população dos Estados Unidos reina uma forte falta de esperança que por vezes se converte em desespero. Esta realidade é muito nova na história norte-americana. E tem, desde logo, uma base objectiva.
A classe trabalhadora
Nos anos 30 do século passado os trabalhadores desempregados podiam pensar em recuperar os seus postos de trabalho. Actualmente, com um nível de desemprego semelhante ao existente durante a Grande Depressão, é improvável, se a tendência persistir, que um trabalhador manufactureiro recupere o seu posto de trabalho. A mudança teve lugar por volta de 1970 e obedece a muitas razões. Um factor chave, bem analisado pelo historiador económico Robert Brenner, foi a queda da taxa de lucro no sector manucfatureiro. Mas houve outros. Por exemplo a reversão de vários séculos de industrialização e desenvolvimento. Naturalmente, a produção de manufacturas continuou do outro lado do oceano, mas em prejuízo, e não em benefício, dos trabalhadores. Juntamente com estas mudanças deu-se uma significativa deslocação da economia de produção – de coisas que as pessoas necessitavam ou podiam usar – para a manipulação financeira. Foi pois, na verdade, quando a financeirização da economia se começou a estender.
Os bancos
Antes de 1970 os bancos eram bancos. Faziam o que se espera que um banco faça numa economia capitalista: pegar em fundos de uma conta bancária, por exemplo, e dar-lhes uma finalidade potencialmente útil como ajudar uma família a comprar a sua casa ou a mandar um filho à escola. Isto mudou de forma dramática nos anos setenta. Até então, e desde a Grande Depressão, não tinha havido crises financeiras. Os anos cinquenta e sessenta foram um período de grande crescimento, o mais alto da história dos Estados Unidos e possivelmente da história económica. E foi igualitário. À parte mais baixa da sociedade também a coisa lhe correu bem. Muitas pessoas tiveram acesso a formas de vida mais razoáveis – de «classe média», como se dizia aqui, de «classe trabalhadora», noutros países. Os anos sessenta aceleraram o processo. Depois de uma década um pouco sombria, o activismo daqueles anos civilizou o país, muitas vezes de forma duradoura. Com a chegada dos anos setenta deram-se uma série de mudanças abruptas e profundas: a desindustrialização, a deslocalização da produção e um maior protagonismo das instituições financeiras, que cresceram enormemente. Entre os anos cinquenta e sessenta verificou-se um forte desenvolvimento do que décadas depois se conheceria como a economia de alta tecnologia: computadores, internet e revolução das tecnologias da informação, que se desenvolveram substancialmente no sector estatal. Estas mudanças geraram um círculo vicioso. Conduziram a uma crescente concentração da riqueza nas mãos do sector financeiro, mas não beneficiaram a economia (antes a prejudicaram, tal como à sociedade).
Política e dinheiro
A concentração da riqueza trouxe consigo uma maior concentração do poder político. E a concentração do poder político deu lugar a uma legislação que intensificaria e aceleraria o ciclo. Esta legislação, no essencial da responsabilidade dos dois partidos, comportou a introdução de novas políticas fiscais, e medidas desreguladoras do governo das empresas. Juntamente com este processo, deu-se um importante aumento do custo das eleições, o que ainda tornou os partidos políticos mais dependentes dos bolsos do sector empresarial.
Na realidade, os partidos começaram a degradar-se por diferentes vias. Se uma pessoa aspirava a um lugar no Congresso, como a presidência de uma comissão, por exemplo, o normal era que o obtivesse a partir da sua experiência e capacidade pessoal. Apenas num par de anos depois, tiveram que começar a contribuir para os fundos do partido para o conseguir, um tema que foi bem estudado por várias pessoas, entre as quais Tom Ferguson. Como dizia acima, isto aumentou a dependência dos partidos do sector empresarial, sobretudo do sector financeiro.
Este ciclo acabou com uma imensa concentração da riqueza, basicamente nas mãos do 1% mais rico da população. Entretanto, abriu-se um período de estagnação e inclusive de decadência da maioria das pessoas. Alguns continuaram a subir, mas através de meios artificiais como o alargamento da jornada de trabalho, o recurso ao crédito e ao sobre-endividamento ou a aposta em investimentos especulativos como as que levaram à recente bolha imobiliária. Rapidamente, a jornada de trabalho acabou por ser mais longa nos Estados Unidos que em países industrializados como o Japão e outros na Europa. O que se verificou, definitivamente, foi um período de estagnação e uma queda para a maioria, simultaneamente com uma forte concentração da riqueza. O sistema político começou assim a dissolver-se.
Sempre existiu uma brecha a separar a política institucional da vontade popular. Agora, no entanto, ela cresceu de forma astronómica. Não é difícil verificá-lo. Basta ver o que está a acontecer com o grande tema que preocupa Washington: o deficit. O grande público pensa, e com razão, que o deficit não é o problema principal. E na verdade não é. A questão importante é a falta de emprego. No entanto há uma comissão para o deficit mas não há para a falta de emprego. No que respeita ao deficit o grande público tem a sua posição. As sondagens testemunham-no. De forma clara, as pessoas apoiam uma maior pressão fiscal sobre os ricos, a reversão da tendência regressiva destes anos e a preservação de certas prestações sociais. As conclusões da comissão sobre o deficit seguramente dirão o contrário. O movimento de ocupação poderá proporcionar uma base material para neutralizar este punhal apontado ao coração do país.
Plutonomia e precários
Para o grosso da população – 99% segundo o movimento Ocupemos – estes tempos tem sido particularmente duros, e a situação poderá ainda piorar. De facto, poderemos assistir a um declive irreversível. Para 1% - e inclusive menos, 0,1% - tudo vai bem. Estão mais ricos que nunca, mais poderosos que nunca e controlam o sistema político, de costas voltadas para a maioria. Se ninguém o impede por que não continuar assim?
Peguemos no caso do Citigroup. Durante décadas foi um dos bancos de investimento mais corruptos. Apesar disso foi resgatado, uma e outra vez, com o dinheiro dos contribuintes. Primeiro Reagan e agora uma vez mais. Não insistirei no tema da corrupção, mas ele é bastante alucinante. Em 2005 o Citigroup imprimiu uns folhetos com o título: «Plutonomia: comprar luxo, explicar os desequilíbrios globais». Os folhetos incitavam os investidores a colocar o dinheiro num «índice de plutonomia». «O mundo – anunciavam – está a dividir-se em dois blocos: a plutonomia e o resto».
A noção de plutonomia apela aos ricos, aos que compram bens de luxo e tudo o que isto implica. Os folhetos sugeriam que a inclusão no «índice de plutonomia» contribuiria para melhorar os rendimentos dos mercados financeiros. O resto podia ser inoportuno. Não importava. Na realidade, não eram necessários. Estavam ali para sustentar um Estado poderoso, que resgataria os ricos no caso de se meterem em problemas. Agora, estes sectores costumam chamar-se «precários» - pessoas que vivem uma existência precária na periferia da sociedade. Só que cada vez é menos periférica. Está a tornar-se uma parte substancial da sociedade norte-americana e do mundo. E os ricos não vêem mal nisso.
Por exemplo, o ex-presidente da Reserva Federal, Alan Greenspan, chegou a ir ao Congresso durante um mandato de Clinton explicar as maravilhas do modelo económico que tinha a honra de supervisionar. Foi pouco antes de rebentar o crack em que ele teve claríssima responsabilidade. E ainda lhe chamavam São Alan e os economistas profissionais não duvidaram em descrevê-lo como um dos maiores. Para mim, grande parte do êxito económico tinha que ver com a «crescente insegurança laboral». Se os trabalhadores necessitam de segurança, se fazem parte dos precários, se vivem vidas precárias, renunciarão as suas necessidades. Não tentarão conseguir melhores salários ou melhores prestações sociais. Tornar-se-ão supérfluos e será fácil livrarem-se deles. Isto é, tecnicamente falando, o que Greenspan chamava uma economia «saudável». E era elogiado e muito admirado por isso.
A situação está assim: o mundo está-se a dividir em plutonomia e precários o 1 e os 99 por cento, na imagem propagada pelo movimento Ocupemos. Não se trata de números exactos, mas a imagem é correcta. Agora é a plutonomia que tem a iniciativa e poderá continuar assim. Se ocorrer a regressão histórica que teve início nos anos setenta do século passado poderá tornar-se irreversível. Tudo indica que vamos nessa direcção. O movimento Ocupemos é a primeira e a maior reacção popular a esta ofensiva. Poderá neutralizá-la. Mas para isso é mester assumir que a luta será longa e difícil. Não se obterão vitórias da noite para o dia. É preciso criar estruturas novas, sustentáveis, que ajudem a atravessar estes tempos difíceis e a obter triunfos maiores. Há um sem número de coisas que, de facto poderão fazer-se.
Por um movimento de ocupação dos trabalhadores
Já o mencionei antes. Nos anos trinta do século passado as greves com ocupação dos locais de trabalho eram uma das acções mais efectivas do movimento operário. A razão era simples: tratava-se do passo prévio à tomada das fábricas. Nos anos setenta, quando o novo clima de contra-reforma começava a instalar-se, ainda se passavam coisas importantes. Em 1977, por exemplo, a empresa US Steel decidiu fechar uma das suas sucursais em Youngstown, Ohio. Em vez de simplesmente se irem embora, os trabalhadores e a comunidade propuseram unir-se e comprar a empresa aos proprietários para depois a converter numa empresa autogerida. Não ganharam. Mas a terem conseguido o apoio popular suficiente, provavelmente tê-lo-iam conseguido. Gar Alperovitz e Staufhton Lynd, os advogados dos trabalhadores, analisaram detalhadamente esta questão. Tratou-se, em suma, de uma vitória parcial. Perderam mas geraram outras iniciativas. Isto explica que hoje, ao longo de Ohio e de muitos outros locais, tenham surgido centenas, talvez milhares de empresas de propriedade comunitária, nem sempre pequenas, que poderão converter-se em empresas autogeridas. E esta sim é uma boa base para uma revolução real.
Uma coisa semelhante se passou na periferia de Boston há aproximadamente um ano. Uma multinacional decidiu encerrar uma instalação rentável que produzia mercadorias de alta tecnologia. Evidentemente, para eles não era suficientemente rentável. Os trabalhadores e os sindicatos propuseram-se comprá-la e geri-la eles próprios. A multinacional recusou, provavelmente por consciência de classe. Creio que não acham graça nenhuma a que estas coisas aconteçam. Se tivesse havido apoio popular suficiente, semelhante ao actual movimento de ocupação das ruas, possivelmente teriam tido êxito.
E não é o único processo deste tipo que está a acontecer. De facto, deram-se alguns com uma entidade maior. Não há muito tempo, o presidente Barack Obama tomou o controlo estatal da indústria automóvel, propriedade que basicamente estava nas mãos de uma miríade de accionistas. Tinha várias possibilidades. Mas escolheu esta: recuperá-la com o objectivo de a devolver aos seus donos, ou a um tipo de propriedade idêntico que mantivesse o seu status tradicional. Outra possibilidade era entregá-la aos trabalhadores, estabelecendo as bases de um sistema industrial autogerido que produzisse bens necessários para as pessoas. São muitas, de facto, os bens que precisamos. Todos sabem ou deveriam saber que os Estados Unidos têm um enorme atraso em matéria de transportes de alta velocidade. É uma questão séria, que não só afecta a maneira como nós vivemos, mas também a economia. Tenho uma estória pessoal a propósito disso. Há uns meses, tive que proferir uma série de palestras em França. Tinha de tomar um comboio de Avignon, no sul, até ao aeroporto Charles de Gaulle, em Paris. A distância é a mesma entre Washington DC e Boston. Demorei duas horas. Não sei se já tomaram o comboio que liga Washington a Boston. Anda à mesma velocidade de há sessenta anos, quando a minha mulher e eu o tomámos pela primeira vez. É um escândalo.
Não há nada que impeça de se fazer nos Estados Unidos o que se faz na Europa. Existe capacidade e força de trabalho qualificada. Faria falta um pouco mais de apoio popular, mas o impacte na economia seria notável. O assunto, no entanto, é ainda mais surrealista. Na altura em que se descartou esta opção, a administração Obama enviou o seu secretário dos transportes a Espanha para conseguir ver a possibilidade de comprar comboios de alta velocidade. Isto poderia ter-se feito na cintura industrial do norte dos Estados Unidos, mas a empresa foi desmantelada. Não são pois razões económicas as que impedem o desenvolvimento de um sistema ferroviário robusto. São razões de classe que reflectem a debilidade da mobilização popular.
Alteração climática e armas nucleares
Até aqui limitei-me a questões domésticas, mas há dois desenvolvimentos perigosos de âmbito internacional, uma espécie de sombra negra que paira sobre toda a análise. Pela primeira vez na história da humanidade há ameaças reais à sobrevivência das espécies.
Uma delas anda à nossa volta desde 1945. É uma espécie de milagre têrmo-la fintado. É a ameaça da guerra nuclear, das armas nucleares. Ainda que não se fale muito disso, esta ameaça não deixou de crescer com o actual governo e os seus aliados. E há que fazer alguma coisa antes que tenhamos problemas sérios.
A outra ameaça, naturalmente, é a catástrofe ambiental. Praticamente todos os países do mundo estão a tentar fazer alguma coisa sobre isto, ainda que de forma muito vacilante. Os Estados Unidos também estão a fazer, mas para acelerar a ameaça. São o único dos grandes que não fez nada de constructivo para proteger o meio ambiente, nem sequer deram ainda o primeiro passo. Mais, de alguma forma estão a fazer força ao contrário. Tudo isto está ligado à existência de um gigantesco sistema de propaganda, que o mundo dos negócios desenvolve com orgulho e desfaçatez, com o objectivo de convencer as pessoas que a mudança climática é uma patranha dos progressistas. «Por que razão fazer caso destes cientistas?»
Estamos a viver uma autêntica regressão para tempos muito negros. E não o digo por graça. De facto, se se pensa que isto está a passar-se no país mais poderoso e rico da história, a catástrofe parece inevitável. Numa geração ou duas, qualquer outra coisa de que falemos não terá importância. Há que fazer alguma coisa, e fazê-lo rapidamente, com dedicação e de forma sustentável. Não será simples. Haverá, seguramente, obstáculos, dificuldades e fracassos. Mais: se o espírito surgido o ano passado, aqui e noutros rincões do mundo, não cresce e não consegue converter-se numa força de peso no mundo social e político, as possibilidades de um futuro digno não serão muito grandes.
* Noam Chomsky é professor de linguística do MIT (Massachusetts Institute of Technology).
Este texto foi publicado em www.sinpermiso.info/
Tradução de José Paulo Gascão
*GilsonSampaio

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