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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, julho 19, 2012

Pobreza no Brasil caiu 36% em 6 anos


Relatório da OIT mostra que pobreza no Brasil caiu 36% em 6 anos
Dados da Organização Internacional do Trabalho apontam que a redução da pobreza em favoreceu 27,9 milhões de pessoas

EFE

O nível de pobreza no Brasil diminuiu 36,5% desde 2003 graças a ampliações de planos sociais e progressivos aumentos do salário mínimo, segundo relatório divulgado nesta quinta-feira pelo escritório local da Organização Internacional do Trabalho (OIT).
"A redução da pobreza entre os trabalhadores está associada diretamente ao aumento real dos rendimentos do trabalho, à ampliação da cobertura dos programas de distribuição de renda e ao aumento da taxa de ocupação, sobretudo na área do trabalho formal", indica o estudo divulgado pela organização.
Os dados da OIT coincidem, em linhas gerais, com os do governo federal, e apontam que a redução da pobreza em 36,5% favoreceu 27,9 milhões de pessoas, que passaram a fazer parte das camadas mais baixas das classes médias.
Segundo os parâmetros da OIT, são consideradas pobres pessoas cuja renda seja inferior ao salário mínimo, que hoje é de R$ 622 e aumentará, a partir do próximo ano, para R$ 667,75. Entre os planos sociais e de transferência de renda, a OIT destaca o impacto do Bolsa Família, que em 2004 ajudava cerca de 6,5 milhões de famílias e agora chega a 13,3 milhões de famílias, com um investimento que em 2011 foi de a R$ 16,7 milhões.
O relatório aponta que, apesar dos "consideráveis avanços", 8,5% da população brasileira ainda vive em condições de extrema pobreza, com renda mensal inferior a R$ 70. Além disso, o relatório diz que apesar de o Brasil melhorar em termos de formalização do trabalho, calcula-se que cerca de 30% da massa laboral do país ainda presta serviços de maneira informal.
"Em linhas gerais, há uma evolução muito positiva desses indicadores, mas isso não quer dizer que não persistam ainda enormes desafios", indicou a diretora da OIT no Brasil, Laís Abramo.
Entre os desafios, ela citou o caso das mulheres, que em média trabalham anualmente dez dias a mais que os homens, já que em geral continuam a cargo de todas as tarefas do lar, e, além disso, têm mais dificuldades para ascender no mercado de trabalho e ganhar melhores salários.
O relatório sustenta que a população negra persiste como a mais pobre, a menos escolarizada e a que mais tem dificuldades para conseguir empregos de qualidade. A OIT também aponta que o Brasil deve fazer um esforço para dar maiores oportunidades de educação e emprego aos jovens de 15 a 24 anos, entre os quais 18,4% (6,2 milhões de pessoas) não estuda ou trabalha.
*esquerdopata

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