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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, julho 18, 2012

Que tal cada um no seu quadrado e respeito para todos?: Evangélicos tentam invadir terreiro em Olinda

Babalorixá acusa evangélicos de tentarem invadir terreiro


Érico Lustosa
Érico Lustosa filmou a intolerância religiosa
O babalorixá Érico Lustosa (foto) está acusando um grupo de evangélicos de tentar invadir no domingo (15) à noite um terreiro de matriz africana e afro-brasileira no Varadouro, em Olinda, na Grande Recife (PE).

Ele aparece protestando contra a intolerância em um vídeo gravado no momento em que os evangélicos se aglomeravam diante do terreiro Pai Jairo de Iemanjá Sabá.

“Eles [os evangélicos] gritavam ‘sai daí, Satanás’, e forçaram o portão”, disse Lustosa. “Foi aí que me coloquei em frente ao portão e meu filho começou a gravar.”  “Um deles gritou para a gente tomar cuidado porque que ele era evangélico mas era também um ex-matador.”

A polícia está investigando, mas ainda não foram apontados os responsáveis pela intolerância. Os evangélicos seriam da Igreja Universal do Reino de Deus.

O Jornal do Commercio, com sede em Recife, informou que na semana passada evangélicos invadiram terreiros em Brejo da Madre de Deus, cidade do agreste pernambucano. O motivo seria o assassinato naquela cidade de um menino de 8 anos durante um ritual celebrado por um pai de santo.  O JC ouviu pesquisadores segundo os quais as religiões de matriz africana não realizam sacrifício de humano.
O vídeo de Lustosa tem causado indignação nas redes sociais, e representantes de religiões de matriz africana exigem das autoridades punição aos intolerantes. Eles temem que haja acirramento da intolerância evangélica.

Leia mais em http://www.paulopes.com.br/#ixzz210byuSuq
Paulopes

*Mariadapenhaneles

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