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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

segunda-feira, julho 09, 2012

Religião goela abaixo: da arbitrariedade da formação das crianças

Além de serem postas no mundo sem serem consultadas, ou seja, de nascerem não por vontade própria, mas pelo capricho ou pelo deslize dos seus pais, as crianças ainda são obrigadas a aceitarem, goela abaixo, sem chance de reação, as crendices, as convicções, as idiossincrasias, os preconceitos, os delírios e as neuroses daqueles que arbitrariamente lhes deram a existência. Por meio da educação familiar as inocentes e indefesas crianças são obrigadas a se tornarem aquilo que os seus pais são e acreditarem no que estes acreditam, a serem imagem e semelhança dos seus genitores.  Filhos de pais religiosos são condicionados a também serem religiosos como os seus pais, caso contrário terão sua puberdade e adolescência estragadas por conflitos absurdos e estúpidos. No Afeganistão as crianças são obrigadas a serem muçulmanas, no Brasil, cristãs, com todas as implicações morais e psicológicas dessas denominações.
A imagem abaixo reproduz com muito bom humor a arbitrariedade à qual as crianças são submetidas durante o seu processo de adestramento educacional numa sociedade que ainda crê em divindade, livros sagrados e messias:

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