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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, julho 14, 2012

Tráfico de drogas aumentou após restrição a "coffee shops" na Holanda, diz estudo



Em vigor desde 1 de maio, as novas regras para a venda da maconha em "coffee shops" na Holanda estão provocando um efeito adverso, segundo estudo realizado por pesquisadores da Epicurus, fundação privada que se dedica a monitorar os efeitos da cannabis na sociedade. Nesses dois meses, o tráfico do entorpecente aumentou no país.
[Tradicional "coffee shop" em Amsterdã, capital da Holanda]

O governo holandês introduziu em três províncias uma carteira de identificação obrigatória para clientes desses estabelecimentos, com o intuito de diminuir o consumo de maconha por turistas.

A ação, de acordo com os pesquisadores Nicole Maalsté e Rutger Jan Hebben, resultou em um enorme incremento da venda ilegal da droga nas ruas e no surgimento de uma ampla rede de serviços de entrega.

"Queremos que o resto da Holanda saiba o que os espera quando essa regulamentação chegar", disse Maalsté, também pesquisadora da Universidade de Tilburgo. O governo do país tem a intenção de estender o cartão de identidade para todas as províncias ainda esse ano.
Ainda de acordo com os estudiosos, a polícia holandesa não tem capacidade para controlar essa nova forma de comércio. A maconha vendida em um "coffee shop" custa cerca de 25% a mais do que nas ruas, pontuaram os pesquisadores, que lembraram que alguns grupos específicos estão evitando esses estabelecimentos, como jovens entre 18 e 24 anos.

"É muito pouco provável que esses grupos deixem de consumir a droga em grandes quantidades", concluíram os especialistas. De acordo com eles, um risco com o crescimento de traficantes é que os jovens têm mais contato com outros tipos de droga, como cocaína.

Defensores da lei disseram que o estudo foi encomendado por donos de "coffee shops", que viram as vendas caírem até 70% desde o início da nova regulamentação. A Epicurus negou a acusação.


* Com informações da Radio Netherlands
*Cappacete

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