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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, junho 04, 2013

Maluf e Dantas preferem
a Justiça brasileira

O vídeo saiu do ar, mas o texto está lá: “o cara tem um trânsito ferrado !”

Saiu na Folha (*)

Maluf critica Jersey e elogia ‘isenção’ da Justiça brasileira



FLÁVIO FERREIRA
DE SÃO PAULO

Alvo de uma condenação da Ilha de Jersey que determina o ressarcimento de R$ 60 milhões aos cofres da cidade de São Paulo, o ex-prefeito Paulo Maluf (PP-SP) criticou a Justiça do paraíso fiscal britânico dizendo que no Brasil cumprem-se as premissas republicanas de isenção e direito à ampla defesa.

“A diferença entre a Justiça brasileira e a de outros países é que no Brasil cumpre-se a lei e a Constituição, assegurando-se a todos o amplo direito de defesa. A Justiça brasileira é isenta e não julga sob pressão de ninguém”, diz a nota de sua assessoria.

Jersey rejeita pedido de operador que cobra dívida de Maluf

Diferentemente da ilha britânica, que em menos de quatro anos proferiu a sentença do caso Maluf, a Justiça brasileira abriga há dez anos ação de improbidade sobre o mesmo assunto –e ela ainda não saiu da fase inicial.
Navalha
Dentre brasileiros ilustres, Daniel Dantas também prefere a Justiça brasileira.
Clique aqui para ler “Estado Democrático do Dinheiro. Daniel Dantas na WicKepedia”
Mas, para a Justiça Britânica, Dantas é um mentiroso, é um falsificador de fichas bancárias:

“Dantas manipula a Justiça no Brasil. Na Inglaterra, não”


Leia aqui a visita que o ansioso blogueiro fez ao Tribunal (inglês !!!) que condenou Dantas:

“O papel do Supremo. O mensalão e Dantas”


Vitórias de Dantas nas instâncias superiores do Brasil chegam a provocar reações na própria Justiça do Brasil:

Habeas Corpus concedido a Humberto Braz


(…)
O habeas corpus concedido por Eros Grau em 12 de agosto a Humberto Braz, acusado de ser emissário de Daniel Dantas em tentativa de suborno para livrar a ele e à sua família das investigações, provocou protestos do ministro Joaquim Barbosa,36 que chegou a interpelar o ministro Eros Grau durante o cafezinho, chamando-o de “burro” e de “velho caquético”: “Como é que você solta um cidadão que apareceu no “Jornal Nacional” oferecendo suborno?”. (…) “Isso penso eu e digo porque tenho coragem. Mas os outros ministros também pensam assim, mas não têm coragem de falar. E também é assim que pensa a imprensa”. (…) “O senhor é burro, não sabe nada. Deveria voltar aos bancos e estudar mais”. O ministro Eros Grau apenas respondeu: “O senhor deveria pensar bem no que está falando”, esclarecendo também que não havia julgado o mérito da ação penal, mas tão-somente analisado a presença ou não dos requisitos para manter a prisão preventiva de Humberto Braz.37 38 Ao que o ministro Joaquim Barbosa retrucou: “a decisão foi contra o povo brasileiro”.39 Esse quid pro quo no Judiciário brasileiro foi noticiado pela BBC News, que qualificou alguns episódios de “bizarros”:
Daniel Dantas já havia declarado à revista Veja: “Que cumpram comigo o que foi tratado. Eu não afundo só. Se eu descer, levo junto PFL, PSDB e PT” .
E não se pode menosprezar o histórico depoimento de um funcionário de Dantas que diz, segundo o jornal nacional, na cobertura da Satiagraha (jornal nacional, amigo navegante !): nas instâncias inferiores ele não está nem aí, mas lá em cima ele, Dantas, tem “um trânsito ferrado” !
(A propósito, leia “a assinatura da mulher do Gurgel é o ‘xis’do problema – até tu, Toffoli?”.)
Note, amigo navegante, que o vídeo do jornal nacional não está mais disponível.
Por algum mistério insondável, saiu do ar.
Mas, não tem importância.
Além do registro indelével da Operação Satiagraha, que, breve, será legitimada pelo presidente Barbosa, a transcrição fala por si própria:

Justiça aceita denúncia por corrupção contra Daniel Dantas

16/07/08 – 17h30 – Atualizado em 16/07/08 – 21h40
O banqueiro foi acusado de tentar subornar um delegado da PF. A denúncia foi aceita pelo juiz Fausto De Sanctis, da 6ª Vara Criminal Federal.
A Justiça Federal aceitou nesta quarta-feira (16) denúncia do Ministério Público Federal por corrupção ativa contra o banqueiro Daniel Dantas, dono do Opportunity. Ele passa a ser réu no processo que o acusa de tentativa de suborno a um delegado da Polícia Federal para que seu nome fosse retirado das investigações da Operação Satiagraha.
A denúncia foi aceita pelo juiz Fausto De Sanctis, da 6ª Vara Criminal Federal, que determinou por duas vezes a prisão do banqueiro, solto nas duas ocasiões por meio de habeas corpus concedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Também serão processados o ex-diretor da Brasil Telecom Humberto Braz e Hugo Chicaroni, que teriam oferecido propina de US$ 1 milhão ao delegado, segundo a acusação.
O juiz De Sanctis designou as datas do primeiro interrogatório dos denunciados. Hugo Chicaroni será ouvido no dia 5 de agosto, às 13h. Humberto Braz falará ao juiz no dia 6 de agosto, no mesmo horário. No dia 7, será a vez do depoimento de Dantas, também às 13h. Os depoimentos ocorreram na 6ª Vara Criminal Federal.
Hugo Chicaroni e Humberto Braz são os únicos presos em razão da operação que seguem detidos. Na casa de Chicaroni, a PF encontrou mais de R$ 1 milhão em dinheiro.
Escutas
Gravações de conversas telefônicas feitas pela PF com autorização judicial mostram a ação de Hugo Chicaroni e Humbero Braz na tentativa de livrar o banqueiro Daniel Dantas das acusações de crimes financeiros e de lavagem de dinheiro.
Em uma das gravações, Hugo comentou com o delegado sobre o papel de Humberto nos negócios do banqueiro Dantas.
Hugo Chicarroni: – O Humberto, que ‘tá’ te ligando, marcou pra jantar pra amanhã. É um tremendo cara.
Delegado: – É mesmo?
Hugo Chicarroni: – E ele, assim, ele não está atuando dentro do banco. Ele fica mais fora do que dentro. Ele veio pra arrumar a casa. O patrão chegou pra ele falou [inaudível] você tem 500 mil dólares pra tratar desse assunto. E em outro trecho:
Hugo Chicaroni: – Hoje ele é o braço direito do Daniel.
Delegado: – E ele é de confiança mesmo?
Hugo Chicaroni: – Pode ficar sossegado.
Em São Paulo, Hugo Chicaroni e Humberto Braz tentaram manipular a investigação, segundo a polícia. As gravações indicam que o objetivo seria deixar de fora o banqueiro Daniel Dantas e parentes dele.
Hugo Chicaroni: – A história de só livrar três tá bom, tá ótimo.
Delegado: – Isso é importante, porque quanto menos puder… Precisa saber exatamente o que é. Não dá pra fazer milagre.
Hugo Chicaroni: – São as pessoas que trabalham com ele até onde eu sei. É o Daniel, a irmã e o filho…
Justiça Federal de SP
As interceptações mostram ainda que, segundo Chicaroni, o banqueiro estava preocupado com a Justiça Federal em São Paulo, onde corre a investigação contra ele por crimes financeiros e lavagem de dinheiro.
Hugo Chicaroni: – Ele se preocupa com hoje, com hoje. Lá pra cima, o que vai acontecer lá… Ele não tá nem aí. Porque ele resolve.
Delegado: – Tá tudo controlado.
Hugo Chicaroni: – Ele resolve. STJ e STF… ele resolve. O cara tem trânsito político ferrado.
Hugo Chicaroni se refere ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) e ao Supremo Tribunal Federal (STF), as mais altas cortes do judiciário brasileiro.
As conversas também falam em propina. Hugo transmite ao delegado a oferta de suborno proposta, segundo ele, por Daniel Dantas e oferecida por Humberto Braz, assessor do banqueiro.
Hugo Chicaroni: – Ele falou: “Eu tenho 500 mil para tratar desse assunto”.
Delegado: – 500 mil?
Hugo Chicaroni: – É, 500 mil dólares.
Segundo a investigação, do dinheiro mandado por Humberto Braz, parte foi paga 20 dias antes da operação policial que levou os envolvidos para a cadeia, como mostra uma gravação feita na frente do prédio em que mora Hugo Chicaroni.
Hugo Chicaroni: – Tá na mão.
Delegado: – Então tá certo, não vamos nem conferir.
Hugo Chicaroni – Não. Eu não conferi. Esses pacotinhos ele me entregou em sacos de supermercado. Eu só pus dentro de uma outra sacola e botei aqui.
Delegado: – Quantos pacotes tem?
Hugo Chicaroni: – São cinqüenta… Dá dez pacotes.

US$ 1 milhão
Além do pagamento em parcelas, o valor do suborno dobrou de US$ 500 mil para US$ 1 milhão. É o que apontam as gravações no segundo encontro em São Paulo entre os dois homens que diziam representar o banqueiro Daniel Dantas e o delegado federal.
Foi nessa segunda conversa também que o delegado Victor Hugo Rodrigues Alves apresentou documentos sobre o o banqueiro. Fotos e fichas cadastrais de Dantas foram mostradas durante um almoço em que o assunto era propina.
As filmagens mostram o exato momento em que Humberto Braz troca de lugar com Hugo Chicaroni para analisar melhor os documentos.
Delegado:
- Pode ver com calma que eu não vou poder deixar com vocês esses documentos. Tem sonegação, tem lavagem, tem evasão de divisa, tem outros crimes contra o centro financeiro, gestão fraudulenta. São vários crimes. Uma investigação dessas sempre começa pequena e cresce.
Logo em seguida, o assunto passa a ser propina. Hugo Chicaroni fala em US$ 1 milhão.
Hugo Chicaroni:
- Já que ele já ofereceu 500 mil, pede 1 milhão de dólares. Pra ele chegar em 700, 800.




Em tempo: outro elo entre os dois ilustres brasileiros – Maluf e Dantas – é o funcionário do Maluf, Paulo Pitta, que já não está mais entre nós. Pitta e Dantas e outro grande brasileiro, Naji Nahas, compartilharam as instalações do PF Hilton.

Em tempo2: clique aqui para assistir a vídeo que entrou para a História da Magistratura Universal: o jornal nacional mostra como Daniel Dantas tenta subornar o agente federal. Este vídeo foi solenemente ignorado por Gilmar Dantas (**), que lhe concedeu – num voto monocrático, no plantão do STF – um segundo HC Canguru, num espaço de 48 horas.


Paulo Henrique Amorim


(*) Folha é um jornal que não se deve deixar a avó ler, porque publica palavrões. Além disso, Folha é aquele jornal que entrevista Daniel Dantas DEPOIS de condenado e pergunta o que ele achou da investigação; da “ditabranda”; da ficha falsa da Dilma; que veste FHC com o manto de “bom caráter”, porque, depois de 18 anos, reconheceu um filho; que matou o Tuma e depois o ressuscitou; e que é o que é,  porque o dono é o que é; nos anos militares, a Folha emprestava carros de reportagem aos torturadores.

(**) Clique aqui para ver como um eminente colonista do Globo se referiu a Ele. E aqui para ver como outra eminente colonista da GloboNews e da CBN se refere a Ele. E não é que o Noblat insiste em chamar Gilmar Mendes de Gilmar Dantas? Aí, já não é ato falho: é perseguição, mesmo. Isso dá processo…

*PHA

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