Marcha da Maconha reúne multidão no Centro de São Paulo
A Marcha da Maconha ocupou a avenida Paulista, no Centro de São Paulo, em mais um ato pela liberação da cannabis sativa, com shows e blocos temáticos sobre a desmistificação das drogas e o uso medicinal e religioso da planta. O lema que embalou os participantes foi Proibição mata: legalize a vida.
A concentração começou às 14h no Masp e a passeata passará pelas ruas Augusta e Consolação. O shows foram confirmados na praça da República (centro), a partir das 18h, com encerramento marcado para as 22h. Entre as atrações confirmadas estavam Soul Shakers, Sombra, Zulu Soljah e James Venture e Avante Coletivo.
Segundo a jornalista Gabriela Moncau, uma das organizadoras do evento, a ideia dos blocos temáticos é ter uma troca com manifestantes de outras causas.
– Todos nós, usuários ou não de drogas, vivemos em uma guerra. As drogas foram proibidas sob um discurso de saúde pública, mas a proibição causa mortes e não inibe o consumo – afirmou.
Desde 2008, quando a primeira Marcha aconteceu no parque Ibirapuera (Zona Sul), apenas 50 pessoas compareceram, segundo os organizadores. Um número agora inexpressivo diante da multidão que se formava no Masp, logo após as 15h. Até 2011, a manifestação era sempre proibida pelo Tribunal de Justiça de São Paulo sob o pretexto de que fazia apologia ao uso de drogas.
Em 2011, após uma série de confrontos entre manifestantes e policiais das tropas de repressão, o Supremo Tribunal Federal a liberou, pois sua proibição infringia o direito de liberdade de expressão.
“Experiência profissional”
O ator José de Abreu, 67, publicou vídeo na internet convocando para a marcha.
Ele começou a fumar maconha como “uma experiência profissional”. Em 1966, Abreu, filho de um delegado da Polícia Civil, entrou no setor de entorpecentes da Secretaria de Segurança Pública. Aos 20 anos, ajudava a dar flagrante em outros jovens que consumiam drogas.
Ele saiu da polícia, fez direito na PUC-SP, aderiu à luta contra a ditadura, tornou-se ator, viveu no exílio, trabalhou na IBM e, nesse percurso, experimentou várias drogas e acredita ser legalizar a maconha.
– A legalização é benéfica não só aos usuários, mas a toda sociedade. Basta de racismo, moralismo, violência, corrupção e proibição. Queremos o direito à saúde, à informação, ao próprio corpo, à autonomia, à liberdade: é tempo de uma nova política de drogas para o Brasil – afirmou.
A Marcha da Maconha é organizada pelo Coletivo Marcha da Maconha Brasil, “um grupo de indivíduos e instituições que trabalham de forma majoritariamente descentralizada, com um núcleo-central que atua na manutenção do site marchadamaconha.org e do fórum de discussões a ele anexado. Apesar de existir tal núcleo, todo o trabalho é realizado de forma horizontal e coletiva entre uma rede de colaboradores, no qual os textos, artigos e todo tipo de trabalhos são compartilhados de acordo com as necessidades, disponibilidades e engajamento de cada um”, segundo a autodenominação.
*correiodoBrasil
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