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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, junho 20, 2013

Mídia golpista prepara o bote!



Do Blog do Miro 
www.ajusticeiradeesquerda.blogspot.com.br


 
 


As manchetes dos dois jornalões paulistas nesta quarta-feira (19) sinalizam uma nova flexão dos barões da mídia, famosos pelo seu histórico golpista. Folha: “Ato em SP tem ataque à prefeitura, saque e vandalismo; PM tarda a agir”. Estadão: “Manifestantes tentam invadir Prefeitura; SP tem noite de caos”. Na prática, eles exigem o retorno dos soldados da tropa de choque às ruas, com suas balas de borracha, bombas de gás e a costumeira truculência. Parecem querer um ou vários cadáveres para exigir algo mais!
Há duas semanas, no início dos protestos liderados pelo Movimento Passe Livre (MPL), a velha imprensa fez o discurso da Velha República. Ela tratou as mobilizações sociais como “caso de polícia” e rotulou os jovens manifestantes de vândalos e terroristas. Na fatídica quinta-feira (13), os editoriais da Folha e do Estadão exigiram sangue da PM. O governador tucano Geraldo Alckmin atendeu às ordens midiáticas e a polícia esbanjou violência, em cenas que relembraram as caçadas nas ruas da época da ditadura militar.
A reação da sociedade foi imediata. A truculência policial serviu de estopim para manifestações de repúdio em todo o país. A mídia e a repressão foram derrotadas. Alckmin foi obrigado a recuar, “liberando o vinagre” e retirando a tropa de choque das ruas. Os protestos cresceram e tornaram-se ainda mais difusos – e confusos. Os jornalões e as tevês, que antes babavam ódio contra os manifestantes, mudaram o tom da cobertura. Viram uma oportunidade de instrumentalizar o movimento e passaram a apoiá-lo.

Agora, porém, os barões da mídia – sempre tão versáteis nas suas manobras táticas – fazem nova flexão. Exigem a volta da repressão. Tentam vender a imagem de que o país caminha para o “caos” e que a “PM tarda a agir”. Responsabilizam Haddad e Dilma pela situação e voltam a acionar Geraldo Alckmin. Cabe às forças políticas mais consequentes a mesma agilidade tática para evitar que um movimento legítimo vire massa de manobra dos golpistas. O momento exige respostas rápidas – principalmente do prefeito Fernando Haddad – e muita lucidez dos setores que não querem uma volta ao passado tenebroso!
*Saraiva

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