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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

segunda-feira, junho 17, 2013

MP se infiltra
nas manifestações

MP pode investigar. Mas não pode fazer o país refém.

A cobertura da GloboNews ao longo da tarde e início da noite  – clique aqui para ler sobre o que a âncora viu e o que não viu – revela uma sutil infiltração dos defensores do Ministério Público nas manifestações.

Os infiltrados reagiam à PEC-37, que pretende evitar que o MP se torne o DOI-CODI da Democracia.

Ou, como disse o Sepúlveda Pertence, um dos primeiros a ocupar a Procuradoria Geral, ao se referir ao Ministério Público: “criei um monstro !”

Os “manifestantes” acusam a PEC-37 de “PEC da impunidade”: de querer calar o MP e, portanto, deixar a roubalheira correr solta.

Papo furado.

O que está em jogo é muito mais: é o Gurgel ter um Guardião para grampear sabe-se lá quem.

Em curso, há uma negociação no Congresso – de resto, refém do Ministério Público como qualquer servidor público – para discutir a PEC-37 e enquadrar o Ministério Público nas regras da normalidade democrática – retirar seu caráter “monstruoso”, diria o Pertence.

Regrinhas elementares, que os policiais já são obrigados, por Lei, a cumprir:

- quem investiga não denuncia;
- quem denuncia não julga;
- não pode haver monopólio da investigação, mas o Procurador não pode escolher o que bem entender investigar;
- tem que respeitar regras para quebrar sigilos, especialmente o telefônico.


O ansioso blogueiro, por exemplo, gostaria de saber o que o Gurgel, que o Collor chama de prevaricador, captou das conversas do Demóstenes…

Conheça algumas sugestões sensatas para acrescentar à discussão da PEC-37, de autoria do deputado José Genoino:

Genoino apresenta contribuição à Bancada do PT sobre a PEC 37

Em tempo: a comentarista Cristiana Globo prestou relevante serviço para transformar a PE-37 numa das prioridades dos manifestantes.


Paulo Henrique Amorim

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