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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, junho 08, 2013

Pastor confundido com ativista gay é expulso de evento organizado por Malafaia



A intolerância cega de algumas correntes evangélicas por vezes chega a tal ponto que respinga entre seus próprios pares.
Na última quarta-feira, 5, um pastor da Igreja Quadrangular foi retirado à força do palco da “Manifestação pela liberdade de expressão, liberdade religiosa e família tradicional”, organizada pelo polemico pastor Silas Malafaia, em Brasília.
Detalhe, ele foi confundido com um ativista gay.
 
Motivo, portava uma bandeira da sua igreja, que é um pouco (bem pouco) parecida com a do arco-iris, utilizada pelo movimento LGBT.
Após a truculenta retirada do pastor do palco do evento, membros da Igreja Quadrangular explicaram aos seguranças que o homem retirado do palco não era um ativista gay, e sim um pastor que portava a bandeira da sua congregação. Após a explicação, os seguranças liberaram a volta do pastor ao palco.
A organização do evento afirmou que “houve um mal entendido”. Porém, para consertar a lambança, os organizadores do evento vieram com a desculpa de que aquele era um evento para “todas as igrejas evangélicas” e que, portanto, não era permitido portar bandeiras de igrejas específicas.
Claro que a desculpa não cola.

*MilitânciaViva

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