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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, junho 20, 2013

 "Peço que quem nunca errou na vida que atire a primeira pedra"



Pierre Ramon jovem preso quebrando grades da prefeitura de SP

Jovem que atacou Prefeitura de São Paulo em protesto pede desculpas, para delegado ele é arrogante

20/06/2013 - Após confessar ter participado da depredação da entrada da Prefeitura de São Paulo no protesto de terça-feira, o estudante de arquitetura Pierre Ramon Alves de Oliveira, 20, ontem decidiu pedir desculpas: "Peço que quem nunca errou na vida que atire a primeira pedra".

Filho de um pequeno empresário, Pierre Ramon é aluno da FMU. A polícia disse que ele não tem antecedentes criminais, não é ligado ao Movimento Passe Livre e nem pertence a qualquer partido.

O estudante se entregou num posto de gasolina na marginal Tietê. Estava ajudando o pai com o caminhão de entregas da família e decidiu se apresentar depois que policiais foram até sua casa e falaram com sua mãe. Desesperada, ela ligou para o filho.

Segundo seu advogado, Gerson Bellani, ele chorou ao depor. "Eu atirei pedra depois que os guardas jogaram spray de pimenta no rosto das pessoas. Fiquei revoltado". Ele foi liberado após prestar depoimento e ser indiciado por dano ao patrimônio público.

A polícia também havia solicitado sua prisão temporária por formação de quadrilha --o juiz negou o pedido.

Pierre Ramon disse que foi ao protesto de cara limpa e negou ter ateado fogo na van da TV Record: "Quero pedir desculpas a todos os manifestantes do Movimento Passe Livre. Eu fui errado e estou disposto a arcar com todas as consequências e pagar centavo por centavo tudo o que eu fiz de dano. Vou trabalhar para tudo isso", declarou.

O delegado do Deic (Departamento de Investigações Sobre o Crime Organizado) Antônio de Olim disse que o jovem insuflou os manifestantes a apedrejar a prefeitura: "Ele é arrogante.

Estava na manifestação, todo fortinho, lutador de jiu-jitsu. Achou que era o dia dele e começou a quebrar tudo". Segundo o delegado, ele feriu guardas.

Vestindo uma camisa branca, Pierre Ramon usava uma máscara contra gás lacrimogêneo durante o protesto, mas abaixou a máscara várias vezes, mostrando o rosto. Ele não foi o primeiro a atacar a prefeitura, mas usou uma barreira metálica para quebrar vidros da entrada.

A polícia confirmou sua identificação após ouvir testemunhas e comparar a foto dele com as que constam na sua página em redes sociais.

No Facebook, o jovem se diz adepto de artes marciais, como muay thai e jiu-jitsu, das quais compartilha páginas. É fã de Renato Russo, Paulo Coelho e Anderson Silva. Fotos na rede mostravam o estudante abraçado com amigos antes do protesto.


Folha
*Mariadapenhaneles

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