PM bate em mulher, agride a Marcha da Maconha SP e tenta estragar a festa. Não conseguiram!
“Querem controlar mas são todos uns descontrolados”
COLETIVO DAR
Sob o lema A PROIBIÇÃO MATA: LEGALIZE A VIDA, a edição 2013 da Marcha da Maconha SP reuniu milhares e milhares de pessoas nas ruas neste sábado.
O sucesso foi absoluto, mesmo com um elemento que infelizmente quem
mora nessa cidade está bastante acostumado: a violência policial. Se o
comando da operação aparentava boa vontade e disposição para o diálogo, o
mesmo não pode ser dito de sua tropa, que não só deteve um garoto
colocando em risco a segurança de milhares de pessoas como, na
sequência, agrediu diversos manifestantes, inclusive mulheres. Covardia
que não surpreende, mas indigna.
Justamente num ano em que a Marcha
esteve pintada de roxo, dado o grande destaque que o ótimo trabalho do
bloco feminista obteve discutindo as questões específicas das mulheres
no que diz respeito à proibição das drogas, a PM mostrou sua cara mais
vergonhosa ao agredir mulheres pacíficas e desarmadas no momento da
detenção do garoto, que supostamente fumava maconha, ali pelo meio da
Rua Augusta.
Como demonstra o vídeo abaixo, o clima
da Marcha era aquele já característico do movimento antiproibicionista
ao redor do Brasil: de absoluta paz. Mesmo às portas do inverno, o dia
foi ensolarado, as aulas públicas contaram com grande atenção do
público, e a manifestação estava mais cheia, diversificada e colorida do
que nunca em nossa cidade.
Povo nas ruas exigindo seus direitos de
forma pacífica e influenciando os rumos de suas próprias vidas e da
sociedade? Isso é inaceitável para a gloriosa PM, instituição que existe
pra que mesmo? Como bem declarou Gabriela Moncau, da organização da
Marcha, ao Estado de SP,
é evidente que havia consumo de maconha no evento, por mais que os
organizadores busquem não estimulá-lo e avisar os participantes do risco
dessa conduta. “Embora nós não estimulemos que as pessoas tragam
drogas, creio que isso mostra que as pessoas estão cansadas da
hipocrisia, de achar que ninguém fuma maconha.”
A PM sabe muito bem que as pessoas fumam
na Marcha, afinal ela sabe muito bem que as pessoas fumam em toda
parte. Nos shows garantidos pela PM, nos jogos de futebol garantidos
pela PM, nos parques, etc. A posse de drogas ilícitas pra consumo
pessoal já é, inclusive, um crime de pouca gravidade no Código Penal
brasileiro, não sendo sequer passível de pena de prisão. Ou seja, é uma
infração menor. Para impedir esse tipo de infração, cabe à PM cometer
outros crimes? É aceitável que a PM ataque com cassetetes a mulheres e
jornalistas por conta disso? É sensato que ela estimule a ira de
milhares de pessoas contra si mesma num espaço estreito como da Rua
Augusta? Quem ganha com isso?
Foi uma ação sem a menor lógica, e
certamente o comando da operação sabe disso. Deter uma entre as centenas
de pessoas que consumiam maconha só serviria para gerar tensão, e fica
claro que determinados policiais sempre querem exatamente isso: estragar
com a nossa festa. Não conseguiram em 2011, com a proteção da Justiça,
ACHAM MESMO QUE CONSEGUIRÃO AGORA? A Marcha demonstrou maturidade. Aos
gritos de “solte o usuário”, se recusou a seguir, buscando resgatar o
garoto, mas diante do impasse que colocou o evento em risco – bombas ali
machucariam e dispersariam grande parte dos manifestantes, certamente –
ela seguiu, deixando que os advogados apoiadores voluntários do
movimento cuidassem do caso. “Ei, maconha, polícia é uma vergonha”,
ecoou o grito mesmo entre aqueles que por alguma incrível razão não
tivessem ainda nenhum motivo para ter raiva da polícia.
Se a Marcha foi madura, a PM demonstrou
toda sua falta de preparo. E de dignidade. Uma jovem manifestante foi
empurrada por duas vezes por um gorila com o dobro de seu tamanho. Na
segunda, caiu no chão, quase sendo pisoteada. Terezinha Vicente,
feminista que inclusive falou na primeira das aulas públicas, recebeu
cotoveladas e empurrões de outro dos fardados. Reagiu enfiando o dedo na
cara dele, colocando-o em seu lugar. Advogada, Carolina Freitas tentou
CONVERSAR com os PM’s para tentar alguma mediação sobre o jovem detido, e
foi imobilizada e agredida com dois golpes de cassetete no joelho, que a
deixaram revoltada e machucada até o fim do evento. Ela relatou o
momento em seu Facebook:
Ontem eu apanhei covardemente de um
policial militar que acompanhava a marcha da maconha. Eu me aproximei de
um menino que estava sendo detido pelos policiais por portar um
baseado, como advogada, cheguei perto para poder ajudar no que fosse
necessário. Em vez de pedir pra que eu me afastasse, o policial me deu
duas porradas com o cassetete na perna, pra eu cair e não me aproximar
mais. Nessa semana cheia de marchas, em que se pesou tanto
midiaticamente o direito à liberdade política e de expressão, importante
dizer: a truculência policial em manifestações de rua é uma amostra
discreta da violência a que estão submetidas cotidianamente as quebradas
de São Paulo. Ontem estávamos na rua por esse motivo: a guerra às
drogas impulsionada pelo Estado é uma guerra contra as periferias das
grandes cidades, contra a pobreza. Persistiremos nas ruas enquanto o
genocídio, a violência e a repressão sistemática continuarem persistindo
contra os pobres e contra os pretos.
E essa foi só a parte da violência de
gênero. Talvez atendendo aos gritos que exigiam a tão necessária
igualdade entre homens e mulheres, os PM’s agrediram quem vinha pela
frente, como os vídeos abaixo demonstram. Eles sabem que a mídia adora
isso, e prefere sempre destacar o tumulto, deixando para o senso comum a
sensação de que manifestação política e violência são sinônimos. Estão
quase sendo sim em SP, mas por responsabilidade exclusiva da PM. Que tal
fazermos um teste: na próxima Marcha nós mesmos faremos nossa
“segurança”. No máximo, enviem a CET para controlar o trânsito. Vamos
ver se haverá algum problema.
O que não nos mata, nos fortalece. Se
eles não aprenderam a lição de 2011, nós aprendemos a seguir em frente,
queiram ou não. A Marcha seguiu pela consolação e terminou na República,
onde foi recebida por um show fenomenal, com DJ’s e grupos de reggae e
rap celebrando a luta pela legalização e a cultura dos de baixo até mais
de 22h. Querem controlar mas são todos uns descontrolados, e nossa
vitória não será por acidente, o recado volta a ser dado àqueles que
acham que podem vencer nossas ideias na base da porrada. E para a PM
especificamente, fica também a mensagem desse repórter-ativista:
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