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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, junho 12, 2013


Alckmin faz o que faz porque é apenas o Geraldo
(Foto: Marcelo Camargo/ABr)

O jornalista Roberto Lameirinhas usou o Facebook para expressar algo que muitos dos cidadãos paulistas, tenho certeza, gostariam de dizer, se tivessem a oportunidade de se encontrar com o governador Geraldo Alckmin. 
O que escreveu, com a veemência dos justos, é um verdadeiro manifesto que milhões de pessoas violentadas em seus direitos básicos de cidadãos gostariam de subscrever.
O governador, se fosse um homem público de verdade, um estadista, não perderia uma oportunidade dessas para defender a sua política, a política de seu partido, a sua própria dignidade.
Mas é claro que não fará nada disso.
Ele é apenas um Geraldo Alckmin. 
Abaixo, o depoimento do Lameirinhas:

Essas imagens, que vocês viram à exaustão hoje nos telejornais e programas sensacionalistas da TV nesta segunda-feira, eram de um vizinho meu, assassinado na pizzaria que ele transformou em sucesso há mais de dez anos. O dia e horário do assassinato, domingo, 23 da noite, eram exatamente o dia e horário em que eu costumava estar na pizzaria dele batendo papo, falando do Palmeiras, essas coisas. Neste domingo, eu e a Lu fomos ao bar do Justo. Não comemos pizza, optamos por um lanche de pernil. Na segunda pela manhã, descobri que o Reginaldo, da pizzaria tinha sido assassinado, junto com o sobrinho, Felipe - menino de 19 anos que eu conhecia desde os 10, mais ou menos, e brincava com meu filho, da mesma idade. Não, não sou um defensor ferrenho do olho por olho. Tenho sérias restrições ao discurso em favor da redução da maioridade penal. Mas quero, exijo, o direito de sair de casa sem ser assaltado ou assassinado. Eu tenho nojo do governo de um Estado que retira a polícia das ruas durante um evento, só porque ele é promovido por uma prefeitura, cuja liderança pertence a um partido diferente. Eu tenho nojo do governo de um Estado que aposta no quanto pior, melhor, por razões politiqueiras. Geraldo Alckmin, eu tenho um nojo profundo de você, politiqueiro, reacionário, incompetente, incapaz de resolver o problema da segurança na periferia de São Paulo. Eu, pagador de impostos escorchantes, responsabilizo você - safado, vagabundo, inepto - e sua polícia ineficaz por essas duas mortes.

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