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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, junho 12, 2013

Rússia aprova participação do Brasil em cúpula sobre guerra civil síria

Em viagem ao Rio de Janeiro, chanceler russo afirmou que presença brasileira "apenas somaria"

O ministro de Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, apoiou, na noite desta terça-feira (11/06), a participação do Brasil em uma futura conferência internacional para resolver o conflito na Síria, mas admitiu que sua realização é complicada devido à falta de acordo sobre quem se sentará à mesa.
Em entrevista coletiva conjunta no Rio de Janeiro com o chanceler Antonio Patriota, Lavrov considerou a posição brasileira sobre o tema "positiva e equilibrada" e disse que sua presença na conferência "somente somaria".

Por sua parte, o ministro brasileiro destacou o valor da conferência, já que "não há uma solução militar para a crise na Síria", cuja situação atualmente é "verdadeiramente insustentável".

Agência Efe

Patriota e Lavrov também discutiram a agenda dos próximos encontros do G20 e dos Brics

Ao mesmo tempo, Patriota apontou que "existem países que estão contribuindo direta ou indiretamente para a militarização" da Síria, embora não tenha citado nomes.

Lavrov, que garantiu que as posturas de Brasil e Rússia a respeito da Síria são "próximas", declarou que a perspectiva de convocar a conferência é "bastante complexa".

A comunidade internacional deverá colocar-se de acordo sobre que grupos de oposição participarão, disse o chanceler russo, destacando que Irã e Egito também deveriam estar presentes, porque são países que têm influência no conflito.

A Rússia também acredita que na conferência deveria ser criado um órgão de governo transitório na Síria com base em um acordo entre as partes, enquanto os Estados Unidos querem que o governo entregue o poder à oposição, o que, segundo Lavrov, mina tal iniciativa.
Outros assuntos
Além do conflito na Síria, os ministros também abordaram em seu encontro como intensificar a relação comercial, energética, educativa e cultural entre os dois países. Patriota confirmou que o Brasil negocia a possível compra de sistemas de defesa antiaérea da Rússia para a proteção de eventos de alto interesse internacional, como a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016.

O chanceler, que não deu detalhes sobre a operação, disse que o ministro da Defesa da Rússia, Sergei Shoigu, visitará o Brasil em outubro para continuar essas conversas.

Por sua vez, Lavrov ressaltou que ambos países se puseram como meta conseguir que seu comércio anual chegue aos US$ 10 bilhões, algo que considerou "possível de conseguir" em vista dos projetos nucleares, energéticos e agrícolas conjuntos. Em 2012 esse fluxo alcançou quase US$ 6 bilhões, segundo dados do Itamaraty. O Brasil é o maior parceiro comercial da Rússia na América Latina.

Os dois ministros trataram também da cúpula do G20 que acontecerá em São Petersburgo em setembro, da qual a presidente Dilma Rousseff "deverá participar", segundo Patriota. O chanceler disse que o Brasil apoia a agenda apresentada pela Rússia para esse encontro, que inclui a reforma das cotas dos países no Fundo Monetário Internacional.

Patriota contou que também falaram sobre a cúpula dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) que será realizada no começo de 2014 em Fortaleza, na qual tratarão a criação do banco do grupo e o uso das reservas monetárias.

(*) com agência Efe
*OperaMundi

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