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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, junho 05, 2013

Sonegômetro mostra quanto Brasil deixa de arrecadar

CartaCapital 
Com visual semelhante ao Impostômetro, sindicato criou site para mostrar quanto os empresários deixam de pagar
Neste ano, já foram sonegados mais de 176 bilhões de reais no Brasil. O dado é mostrado pelo Sonegômetro, criado a partir de estimativas feitas pelo Sindicato Nacional dos Procuradores da Fazenda Nacional (Sinprofaz) e divulgado no seu site em tempo real.
A ferramenta tem nome e design semelhante ao do Impostômetro, da Associação Comercial de São Paulo. Disposto em um painel na sede da associação no centro de São Paulo, ele é visitado por políticos e sempre lembrado por empresários que reclamam da carga tributária nacional.
O Sonegômetro usa como base um estudo do próprio sindicato, que estima um rombo fiscal de 415,1 bilhões de reais em 2013. Segundo o Simprofaz, esse valor é maior que toda a arrecadação de imposto de renda no país, que em 2011 foi de 278,3 bilhões de reais.
Ainda segundo o sindicato, sem a sonegação “o peso da carga tributária poderia ser reduzido em quase 30%, com o país mantendo o mesmo nível de arrecadação”. O sindicato defende uma mudança tributária no país. Para eles, a taxação deveria ser diminuída no consumo e aumentada na renda e no patrimônio, seguindo os padrões da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico).
*Saraiva.

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