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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, junho 19, 2013

Toda solidariedade pela não agressão: PM que utilizou spray de água ao invés de pimenta é afastado


 A corregedoria da Polícia Militar do Estado de São Paulo divulgou em nota nesta terça-feira que irá afastar o cabo Ronaldo Silva, 28 anos, enquanto toma as devidas providências para dar continuidade às investigações acerca de seu comportamento durante o confronto com manifestantes nesta última quinta-feira (13), na Avenida Paulista.
Segundo informações da assessoria de imprensa da entidade, o referido policial teria desobedecido ordens diretas do comando da PMESP e boicotado a operação de contenção dos manifestantes que tomaram a região da Paulista durante os protestos contra o aumento da passagem do sistema de transporte público de São Paulo. Ao invés de portar o armamento não-letal que lhe havia sido designado – a saber, o famigerado “spray de pimenta” – o cabo teria utilizado um spray contendo apenas água.
Em uma publicação já removida em uma rede social, Ronaldo justificou sua atitude dizendo que não vestia a farda para atacar cidadãos inocentes. “O spray de pimenta é uma agressão violenta utilizada sem necessidade na maioria das situações e a corporação não pode fechar os olhos para isso. Além do mais, os protestos são pacíficos e totalmente legítimos”, afirmou em uma postagem excluída após mais de três mil compartilhamentos.
A Polícia Civil abrirá um inquérito para apurar o caso. O policial foi afastado do trabalho e a “arma” usada foi apreendida.
Fonte: CBNN
*Mariadapenhaneles

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