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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, outubro 26, 2013

E barbárie é coisa de passado, não de futuro.


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A democracia não é uma “porcaria qualquer”, que bárbaros possam destruir

26 de outubro de 2013 | 16:26

Demorou a manifestação da Presidenta sobre o absurdo que, há meses, este país está vivendo.
Foi cassado o direito dos cidadãos se manifestarem livre e pacificamente.
Grupos facistóides, mesmo que alguns integrantes o neguem e nem percebam ao que estão servindo, inviabilizaram atos legítimos, pacíficos e, muitas vezes, necessários ao país.
O Brasil, hoje é e deve ser um país tolerante e não me conformo em ver serem deslocados batalhões para manifestações, legitimados em sua presença pela sucessão de depredações que se sucedem a concentrações e passeatas, promovidas por algumas dezenas de pessoas que ocultam seus rostos.
Gente que, muito mais que incendiar lixeiras, carros ou quebras caixas bancários, está depredando o patrimônio de liberdade que acumulamos à custa de décadas, de mortos, de presos, de chagas insuperáveis em muitas vidas.
Não estamos falando de revoltas populares, de violência revolucionária, mas de agressão gratuita, brutal e covarde.
Juntar-se um grupo para espancar um policial militar em nada difere de um grupo de policiais  unir-se para espancar alguém.
Há um incompreensível prurido em condenar estes facistóides.
Não é o fato de a mídia, depois de insuflá-los o quanto quis, agora chama-los de vândalos, que deve nos fazer ter medo de sermos “patrulhados”.
Nenhum de nós deve tolerar quem destrói a liberdade e agride pessoas gratuitamente.
Tantas vezes condenamos e condenaremos que policiais façam isso que não podemos ser coniventes quando a situação se inverte.
Ninguém quer espancá-los, como fizeram ao policial-militar em São Paulo.
E se um policial militar espancar algum deles covardemente, como fizeram, deve ser impedido, processado e responder por seus atos.
Exatamente como se deve fazer com os que agrediram um ser humano, que não lhes apontava uma arma e se encontrava, como se vê na foto, em posição de defesa de sua integridade física.
Bater-lhe com uma chapa de metal na cabeça é coisa de gente que não se sairia mal no Doi-Codi.
O nome disso, bem escolheu a palavra Dilma, é barbárie.
E barbárie é coisa de passado, não de futuro.
Por: Fernando Brito
*Tijolaço 

 

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