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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, outubro 18, 2013

China vai “desamericanizar” o mundo

China vai “desamericanizar”
o mundo

China passou a trocar dólar por ouro

Singela homenagem do Bessinha ao mais americano dos brasileiros

O Conversa Afiada reproduz afiado artigo do professor Luiz Felipe Alencastro no UOL:

O “shutdown” americano e os avanços da China



O impasse no Congresso sobre o orçamento americano e a interrupção das atividades não essenciais da administração federal (“shutdown”), inquieta o mundo inteiro. De fato, o “shutdown” junta-se à incerteza sobre a autorização do Congresso ao aumento do teto da dívida pública que deve ocorrer até a proxima quinta-feira (17). Caso contrário, o governo dos Estados Unidos estará técnicamente numa situação de calote.

Diante da crise, Christine Lagarde, diretora do FMI, declarou numa entrevista à rede americana NBC que o fracasso das negociações no Congresso poderá gerar “perturbações maciças no mundo inteiro”, com o risco de uma nova recessão nos Estados Unidos.

No outro quadrante do planeta, a China também lançou advertências. Num comunicado difundido pela agência oficial Xinhua, e publicado no jornal Global Times, afiliado ao cotidiano People’s Daily, órgão oficial do Comitê Central do Partido Comunista Chinês, o governo de Beijing atacou as turbulências geradas pelo conflito entre o Congresso e a Casa Branca.

Num recado curto e grosso o comunicado chinês sentencia: “Talvez tenha chegado a hora deste mundo confuso começar a pensar num mundo desamericanizado”. Num tom duro, o comunicado continua: “Em vez de honrar seus deveres como uma potência de liderança responsável, …Washington abusa de seu status de superpotência e introduz mais caos no mundo, transferindo os riscos financeiros para o exterior, fomentando tensões regionais … e deslanchando guerra indesejadas sob a cobertura de mentiras vergonhosas”.

A imprensa americana e européia registrou a agressividade do discurso oficial chinês. No entanto, outra notícia relativa às manobras financeiras da China passou meio despercebida. Segundo o blog Zero Hedge, especializado nos assuntos financeiros americanos e mundiais, a China tem realizado compras elevadas de ouro nos últimos anos.

Subindo cerca de 100 toneladas por mês, o estoque de ouro da China passou da sexta posição mundial em 2009, para a segunda posição, situando-se apenas abaixo do total do estoque de ouro dos Estados Unidos. Há dois anos, citando fontes diplomáticas vazadas no Wikileaks, o mesmo blog observava que o aumento dos estoques de ouro na China alimentava a estratégia chinesa de tornar sua moeda nacional, o renminbi, a nova moeda de reserva internacional.

Em outras palavras, a China não está somente questionando a liderança mundial americana. Ela está se dotando de todos os instrumentos – diplomáticos, econômicos, financeiros, tecnológicos e militares – para desafiar os Estados Unidos no momento que julgar oportuno.



Clique aqui para ler “China quer substituir o dólar”

*PHA

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