"Todo mundo pode ser contra os black blocs. É absolutamente natural discordar das táticas adotadas"
"Todo mundo pode ser contra os black blocs. É absolutamente natural discordar das táticas adotadas".
Pedro Munhoz
Todo mundo pode ser contra os black blocs. É absolutamente natural discordar das táticas adotadas pelos grupos mascarados, bastante compreensível até.
O insuportável é quando o discurso de ataque aos black blocs assume as feições de complacência ou legitimação da violência policial. As manifestações, repito, deixaram claro o que muita gente já sabia: as polícias militares têm que deixar de existir. São instituições inaptas a lidarem com as garantias individuais, com os Direitos Humanos, com a democracia.
Cansamos de ver a polícia atropelando os direitos humanos e abusando de poder aqui no facebook, dia após dia, desde as manifestações de junho. Eu mesmo tive minha merecida cota de gás lacrimogênio, após cometer o delito de exercer o meu direito constitucional de me locomover em linha reta na Avenida Antônio Carlos.
Só o que vimos na grande mídia, porém, são lágrimas vertidas pelas vidraças de bancos quebradas e repetidas acusações de que sempre os mesmos "black blocs" deram ensejo a uma "reação" da polícia.
Contesto. São quase unânimes os relatos de que a polícia, via de regra, "reagia" antes mesmo de ocorrer qualquer tipo de ação por parte dos manifestantes. Mesmo se ela reagisse de fato, deveria reagir contra o grupo que delinquiu, de forma proporcional e pontual.
O costume das polícias de prender e arrebentar pessoas no atacado não pode ser visto por nós como algo natural, mas parece ser essa a tônica das forças policiais.
Por isso, sinto-me desconfortável de aparecer aqui e começar a escamar a galera que quebrou vidraças. A Folha, O Globo e as redes de televisão já fazem isso o tempo inteiro, esse pesoal não precisa da minha opinião.
Prefiro criticar a inépcia e a desonestidade dos braços armados dos governos que, devendo defender os direitos da população, passam por cima deles como se eles não fossem nada. Isso tem sido um tantinho mais raro nas redes sociais e creio ser mais enriquecedor do que repetir á exaustão que danificar patrimônio é crime.
*Mariadapenhaneles
A franquia "Black Bloc", o McDonald's do neofascismo com marketing de "anarquismo"
No Egito, Black Bloc fomentaram golpe e atacaram manifestantes contra militares
por Luiz Muller
Pescado do Ponto e Contra Ponto. A matéria lembra as ações do “Black Bloc” em vários lugares do mundo.
Após aparecer nos protestos do Occupy Wall Street, onde foram acusados
de tumultuar o protesto e justificar a repressão da polícia americana,
acabando com o Occupy, o coletivo sem rosto que se auto denomina Black
Bloc criou uma espécie de franquia mundo afora, sobretudo em países onde
a democracia é frágil e/ou muito jovem.
No Brasil, esses coletivos são formados com absoluta predominância de
jovens brancos de classe média que usam roupas de grife. A atuação dos
coletivos geram desconfianças de que o alegado apartidarismo não se
aplica na prática, como nos protestos contra o propinoduto tucano em que
eles iam direto para a Câmara dos vereadores da capital paulista,
quando o escândalo é do governo do estado de São Paulo. Dividiu os
manifestantes e o desgaste do governador com o prefeito. Foi
intencional?
Com o desconfiômetro sempre em alerta, resolvi fazer uma busca detalhada
na rede sobre como se portou o coletivo Black Bloc no Egito, antes e
depois do golpe. Pesquisei a ocorrência e frequência de matérias sobre
eles, os perfis nas redes sociais do coletivo, onde postam em
hieróglifos árabes, mas mesmo com essa dificuldade deu para perceber
duas coisas: maioria das fotos postadas são de amenidades, como se o
país não estivesse à beira de uma guerra civil e os vídeos postados,
feitos a distância, procuram mostrar manifestantes pró Morsi atirando
contra militares.
Foi difícil achar matérias sobre o Black Bloc egípcio pós golpe, a
maioria dos links apontavam para sua participação efetiva nos protestos
que lograram entregar o país de volta aos militares. Entre as que achei,
muitas se tratavam de opinião reacionária que não levei em
consideração, não há qualquer intenção de demonizar ninguém, apenas
trazer aos leitores como se portou e se porta o coletivo no Egito, que
enfrenta um golpe militar sangrento.
Líderes do movimento da Praça Tahir no Cairo, que levou a deposição do
presidente legalmente empossado, Mohamed Morsi, deram declarações
públicas afirmando que apoiavam a matança de manifestantes contra o
golpe e davam aval a atuação dos militares. Esses líderes estavam muito
próximos ao Black Bloc durante os protestos. Tudo estava se encaixando,
só faltava o batom na cueca.
Outro grupo sem rosto famoso da história
Foi aí que eu achei uma denúncia do grupo de direitos humanos “Eye on
Torture” (algo como de olho na tortura), que revela que o coletivo Black
Bloc admite participação no ataque de 26 de Julho, onde ocorreu
massacre de manifestantes contra o golpe. No ataque o coletivo preparou
uma espécie de emboscada para os manifestantes os deixando expostos,
nesse momento o Black Bloc foi protegido por militares atrás de tanques e
prédios, enquanto os manifestantes pela democracia eram fuzilados. Aqui
o link da matéria, está em inglês
http://www.ikhwanweb.com/article.php?id=31213
È ultrajante pessoal, eu que já vi tanta canalhice nessa vida fiquei
transtornado. Como pode alguém posar de anti establishment, usar símbolo
da anarquia e apoiar uma ditadura militar? Eu sou um velho punk, é como
uma “heresia” ver símbolos de um movimento que tentou mudar o mundo sem
violência, que me trazem de volta a juventude, serem usados por um
bando de fascistas movidos a interesses obscuros. Tira esse símbolo daí
posers, vocês não tem direito de usar, coloca a suástica no lugar.
Só uma última observação: coletivos sem rostos cabem qualquer coisa,
inclusive mercenários, tá na cara que se no Egito os Black Bloc são tudo
menos anarquistas, e qualquer grupo nazifascista pode vestir a fantasia
de anti-establishment para seduzir a juventude. Brasil, Turquia, Egito,
coincidentemente países com diplomacia não alinhada com interesses
americanos tiveram forte atuação dos Black Blocs recentemente. Tirem
suas próprias conclusões.
Nenhum comentário:
Postar um comentário